Quando olhamos para o cenário das relações entre indígenas e Estado nas últimas décadas, podemos claramente reconhecer as significativas transformações pelas quais estas passaram, fruto da significativa ação das coletividades indígenas e de suas organizações, onde, num cenário de participação imperfeita, os povos originários foram capazes de grandes aprendizados e de um decisivo protagonismo, superando na prática a prevalência da tradição colonial de gestão tutelar não apenas sobre eles incidente, mas também generalizada para o que poderíamos chamar de “governo dos insuficientes”. Porém, como bem marca Cristiane Julião Pankararu (2022), as práticas tutelares se reelaboraram em contexto de participação social, ganhando uma outra vida naquilo que chamou de “tutela contemporânea”.
Assim, essa publicação busca contribuir para o entendimento do conjunto de tramas de silenciamento e manipulação que marcaram a atividade no plano da política representativa dos povos indígenas nas últimas três décadas e refletir sobre as mudanças que possibilitaram uma virada de chave nos pleitos mais recentes. Destaca, sobretudo, a atitude das organizações indígenas, lideranças locais e da população em geral que possibilitou alguns resultados expressivos. Possivelmente, é um processo que ainda vai mostrar muitos resultados num futuro próximo. São reflexões importantes de pesquisadoras/es que vêm se dedicando aos estudos deste tema e têm importantes colocações a fazer.
Política / Sociologia