PASSAGEM PARA A AMERICA

PASSAGEM PARA A AMERICA Marilia Freidenson...


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PASSAGEM PARA A AMERICA


RELATOS DA IMIGRAÇÃO JUDAICA EM SAO PAULO





Comovente – não há melhor qualificação para o livro que Marilia Friedenson e Gaby Becker organizaram com aguçada percepção da oralidade dos relatos e do contexto documental e histórico que é daí derivado ou que dele se conclui.

"Passagem para a América", mesmo considerando-se a subjetividade do seu relato, é texto que ganha sentido maior dentro da escola francesa da “nouvelle Histoire”. É essa História Nova que abandona os grandes homens, os vultos notáveis, o grande acontecimento, para se debruçar sobre a história dos povos e suas mentalidades, seus aspectos culturais. Através, por exemplo, da "história do transporte no sudeste do Brasil" conta-se, uma história mais bem documentada e que, por seus "links" no contexto, muitas vezes jorra mais luz sobre um período histórico do que as páginas sempre também circunstanciais da História tradicional.

Assim, a comoção que nos assalta diante dos relatos pungentes, risonhos, mais dramáticos aqui, mais suaves páginas adiante, não impede que percebamos nos espaços intersticiais dessa obra, o bíblico destino da nobre nação judaica, o terrível pano de fundo de uma Inquisição, de um nazi-fascismo brutal e demente ou a conjuntura econômica deteriorada a impelir o judeu para fora da Europa, para “fazer a América”. Esse, aliás, foi o destino sonhado por muitos deles, como os Brickman e Tabacow que pagaram suas passagens para a América – e acabaram vindo para o Brasil por erro de quem cuidou da viagem deles. A história merece um adendo: mascateando, ambos foram parar em Franca, onde não havia febre amarela e decidiram ficar por lá.

Klabin, nessa época imprimia e vendia santinhos – e Brickman mais Tabacow se tornaram vendedores daquelas estampas.

A emigração judaica começou após o País se tornar independente, mas tomou vulto a partir da Proclamação da República. Entre os fatores que contribuíram para que assim fosse, estão o “boom” da borracha e a nova Constituição republicana, concedendo liberdade de culto, público e em templos para isso construídos a TODAS AS CONFISSÕES RELIGIOSAS – coisa que as duas cartas do Império negavam a todas as religiões, já que a religião católica era oficialmente reconhecida.

O que dissemos acima sobre a emigração, apenas foca a atenção sobre os períodos em que a emigração foi mais percebida - não nega o fato de que a emigração, a presença de judeus e cristãos novos no Brasil tenham se dado praticamente desde os primeiros anos da colonização. Cito, como exemplo dessa marcha dos judeus para o Oeste, a sua presença na ilha de São Tomé, muito antes da descoberta do Brasil, presença marcada pela aceleração do plantio da cana-de- açúcar e do seu comércio com a metrópole. Vai no mesmo sentido a comprovação de que foram marroquinos os primeiros judeus a chegarem à Amazônia.

Vidas ricas em dramaticidade, as belíssimas páginas desta preciosa obra traz para perto, para dentro de nós, um sopro renovador de humanidade, de espírito forte - de coragem e de um caráter forjado nos caminhos de pedras e de sobressalto percorridos desde a diáspora.

Felizmente, aqui, eles encontraram a paz para criar seus filhos, viver seus amores e, brasileiros como todos nós, ajudar a construir uma nação onde a felicidade seja possível. Não espere nada, ao tomar conhecimento desse livro. Vá buscá-lo para se comover.

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Luis Netto
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15/07/2011 12:06:01

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