DESASTRE COMO ESTRELA COMOVIDA
Se alguma coisa tenho para dar-te,
Se alguma coisa me sobrou da vida:
Selvagem, mas talvez maior que a arte,
Foi um desastre como uma estrela comovida.
Era quem sabe o que eu pedia ao vento
Quando pulsava o dia como um louco.
Voar, sem fim, sedento de desfazimento,
Em luz, como uma estrela, em força, como um soco.
E sobrou-me esta estrela entre os braços,
Perdida como uma outra nos espaços.
em seu fogo me fundo e me refaço
Para arder outra vez em seu regaço.
E o que trago da vida e reentrego à vida
— Um desastre como uma estrela comovida.
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