O que deseja uma mulher? Eis a pergunta que Sigmund Freud deixou
sem resposta. Jacques Lacan não explicou, mas bem capturou traços da existência feminina. No texto “A Juventude de Gide”, ele sugere que a verdadeira mulher revela-se num ato de indignação e furor quando se vê destituída de sua “posição de mulher”. Ato que valeria para as mulheres de todos os sexos. Indignação, doçura, furor e romantismo.
Nesse livro, algumas mulheres falam por si, outras acreditam falar por todas. Há uma a uma. Obviamente, elas não fazem Um. Elas escapam da armadilha de forjar um ilusório discurso consensual sobre o feminino; ao invés disso, ousam exercer a liberdade. Algumas narram o ciclo de uma vida, outras descrevem uma única cena. Umas anunciam triunfo, outras desamparo. Muitas se endereçaram à organizadora, Maria Letícia Reis, que fez ao feminino uma proposta: escreva um texto! Ao ler a coletânea, Sigmund Freud entenderia que não há A mulher, mas sim as mulheres e seus respectivos endereçamentos.