"Desmaterializar e se tornar água - ler Maria Fernanda é rezar sempre com as mãos molhadas. Em três partes, Maria faz nascer um cheiro úmido de sal, um gosto quente, e nos conduz a um submerso mundo ilusionista, verdadeiro, onde crianças são sábias, mulheres são possíveis e o tesão nasce e morre em um desgarre de onda. A realidade tipo sacola plástica, um sufoco sujo jogado no mar. Um livro inteiro ressaca, protagonizado por baleias e cavalos, deusas e dragões e um deus que é feio - uma perfeição que não deu certo - que nos diz: nenhum porto é seguro. Leio com o corpo terra de mulher, pronta a ser violada, e pronta também a querer desvendar a morte. Tudo é jovem e febril e há uma inconfundível vontade de precipitar-se. Leio tendo a consciência de quem escolhe habitar as rachaduras, e gosta." (Gabriela Soutello)
Poemas, poesias