Personagens

O Palácio Boa Vista recebe convidados especiais: Gustavo Rosa e seus personagens singulares, com 29 obras do artista expostas ao lado de parte da coleção de arte moderna e contemporânea do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios, cuja contribuição por meio de releituras é fundamental para o entendimento das transformações estéticas do Modernismo.
Com o motivo de refletir sobre afinidades e diferenças entre os períodos, as peças estão dispostas cronologicamente – de 1890, data da obra mais antiga desta mostra, até 2013, com a produção do próprio Gustavo Rosa – ou ainda reunidas por associações estéticas e semelhanças temáticas.
A exposição propõe uma relação fértil entre arte e história social, e, para além dos distintos modos de pintar, tem como principal ponto de interesse o retrato, que constrói personagens representativos da estrutura social, desde os mais realistas e acadêmicos – como as obras de Décio Villares, Eliseu Visconti, Candido Portinari, Paulo Rossi Osir e Yoshiya Takaoka, entre outros da coleção dos Palácios – até interpretações mais livres, plenas de cor, expressividade e movimento – como em Retrato de Adalgisa Nery, de Ismael Nery; Retrato de Ana Maria Fioca, de Flávio de Carvalho; Retrato de Lalive, de Anita Malfatti; Retrato de Fernanda de Castro, de Tarsila do Amaral; e Brasil 3 x Uruguay 1, de Aldemir Martins. Está exposta também uma série de esculturas que revelam, por meio da tridimensionalidade, expressões e interpretações distintas. A escultura Daisy, de Victor Brecheret, um dos ícones dessa coleção de arte moderna, é um dos destaques da mostra.
Nosso artista convidado apresenta alguns de seus primeiros trabalhos, dos anos 1960/70, como a série Crianças, na qual evidencia o desenho de linhas precisas e de forte expressão e já prenuncia a poética da cor, característica que vai marcar suas obras posteriores. Apesar das significativas diferenças entre a produção dessa fase e a das décadas de 1980/90 em diante, têm entre si uma relação lúdica. Ele constrói, a partir dos anos 1980, um universo caricato da sociedade, com muita criatividade e senso de humor. Na série Caras, traz aspectos das figuras geometrizadas por meio da cor, que não apenas tem a função de colorir a tela, mas também define a própria forma. As composições dispõem rostos estilizados com a cor preenchendo o vazio em torno deles, considerando parentescos ou contrastes nas linhas essenciais que os identificam, revelando o caráter e o significado humano, como na série Banhista. Com a técnica giclée (processo sofisticado de reprodução gráfica, caracterizado pela alta precisão da impressão, com edições numeradas e assinadas), Gustavo Rosa potencializa o caráter de grande impacto visual e expressividade da cor, que diverte, alegra e emociona o nosso olhar.
A exposição Personagens é resultado do comprometimento da Curadoria do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios com a função social que desempenha, garantindo acessibilidade à cultura e à arte, em forma de pura expressão e espontaneidade.


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