Perversos, amantes e outros trágicos

Perversos, amantes e outros trágicos Eliane Robert Moraes


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Perversos, amantes e outros trágicos





Por que alinhar lado a lado escritores a princípio tão distintos quanto Apollinaire, Lampedusa, Nabokov, Laclos, Stendhal, Blanchot e André Breton? Como aventar parentescos entre nomes tão distantes um do outro quanto Georges Bataille e Henry James? Em que ponto se reúnem as obras do devasso Marquês de Sade e da altiva Sóror Juana Inés de la Cruz? Qual é, enfim, o denominador comum que dá sentido a tal encontro entre perversos, amantes e trágicos da literatura? O livro que o leitor tem em mãos traz instigantes respostas a essas questões. Escritos por uma estudiosa do erotismo literário, os ensaios e resenhas aqui reunidos vêm ampliar seu repertório e confirmar a originalidade de sua ensaística. São estudos que interrogam as disposições mais noturnas de um grupo heterogêneo de autores, cujos escritos traduzem um obstinado desejo de fugir às rotas habituais do pensamento. Nessa investigação, Eliane Robert Moraes toma como fio condutor a ideia de que o erro, o desvio e o risco também se oferecem como importantes figuras do conhecimento. Muita coisa neste livro pode surpreender. A começar pelo pedófilo que se declara o mais ingênuo dos homens, ou então pelo perverso que jura obedecer a severos princípios éticos. A esses personagens de Nabokov e de Kaváfis somam-se o aristocrata de Lampedusa, que aposta na revolução para que tudo permaneça como está; o amante de Xavier de Maistre, que desfruta a mais intensa liberdade quando privado dela; e ainda o artista de Henry James, cuja vida se esvai na pintura de uma tela que permanece em branco. Os exemplos se estendem a autores como Laclos, Cleland, Kleist, Apollinaire ou Bataille, que não cessam de pasmar o leitor. Afinal, vistos pelas lentes de Eliane Robert Moraes, esses escritores nunca são enquadrados nesta ou naquela moldura, nem tampouco pacificados em suas inquietações. Aqui, o desacerto, a desmedida e o desvario ganham abrigo, acenando pistas produtivas para a interpretação. O resultado é uma leitura intensiva que respeita o tempo forte das perversões literárias, a confirmar a ideia de desvio que a ensaísta identifica como traço principal da sua coletânea. Desvio da norma, do óbvio e, sobretudo, do lugar-comum. Os ensaios e resenhas aqui reunidos desmentem os imaginários correntes sobre a perturbadora figura do perverso e deslocam os discursos amorosos para além de sua habitual zona de conforto. No limite, prevalece no conjunto um certo elemento trágico que, pouco identificado ao lugar elevado que lhe concede a retórica clássica, é flagrado na paisagem prosaica, rebaixada - e até mesmo cômica - da modernidade.

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Kirla
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