A exatidão é uma das habilidades que pode salvar a literatura do século 21, proferiu Italo Calvino em uma de suas palestras. Para o escritor italiano, ter exatidão é sustentar um projeto bem definido e calculado, evocar imagens nítidas, incisivas e memoráveis, utilizar uma linguagem capaz traduzir as nuanças do pensamento. Talvez essa estratégia seja o que mais aproxima a literatura das ciências exatas. Everson vem das ciências exatas, mais precisamente da engenharia química, e essa foi uma vantagem notável na hora de se lançar poeta. Com estruturas artísticas delineadas, objetivos textuais bem traçados e aptidão linguística para despertar a imagética do leitor, este novo escritor mostra que poesia é muito mais que verso, estrofe e rima. Poesia é a alma do humano. Em Plantar quase invisível, vemos projetada a precisão do sentimentalismo de um professor mineiro que, entre processos químicos e pães de queijo, dá voz ao que existe de mais íntimo dentro de si. Estar em contato com suas palavras é como passear em um jardim que floresce criatividade e emoções quase palpáveis.
Ficção / Literatura Brasileira