A autora mostra como a maneira de a sociedade encarar a pobreza passava por um diálogo entre a vida terrena e a vida eterna. É também posto em revelo como o investimento na Salvação tinha por base uma teoria social que não prescindia do pobre, porque mediador do rico, e que moralizava este, ao obrigá-lo a debruçar sobre os mais desfavorecidos. Este estudo incide ainda sobre várias instituições de assistência criadas em consequência de um modo de pensar em que factores como a certeza e o temor da morte, o receio do julgamento divino e o medo do Inferno e do Purgatório, bem como a esperança no Paraíso, conduziram a solidariedades diversas entre os vivos e entre estes e os mortos.