Poemas da Boca do Inferno

Poemas da Boca do Inferno Rubi Maia


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Poemas da Boca do Inferno





Todos esses poemas foram escritos nas esquinas da depressão, nas vielas da ansiedade, nas ruas infernais das doenças mentais. Eu os fiz nos dias mais escuros que já enfrentei, quando o ato de colocar a mão na caneta era um grito de sobrevivência.
Diagnosticada desde os 22 com depressão, agorafobia e transtorno generalizado de ansiedade, a arte tornou-se minha ponte para a sanidade, um caminho para fora do abismo, meu farol guia para longe das tempestades que se criavam nos meus pensamentos.
Esses poemas foram escritos com o passar dos anos, sem uma data ou ordem cronológica. Eu os fiz conforme iam me salvando. Neles, pouco existirá de estruturas formais da poesia. Nunca criei dessa forma, e mesmo que tentasse, não dá para se escolher bem as palavras quando se está se afogando em agonia.
Dito isso, considero esse livro pesado para quem está enfrentando questões similares às minhas. Leia apenas se o seu coração estiver bem, se uma rede de apoio estiver disponível caso você precise. Você não está sozinho.
Temas sensíveis como su*c*d*o, automut*lação, agonia e terror estão expostos como feridas das batalhas que enfrentei. Não me arrependo de nenhuma delas, nem das cicatrizes. Mantiveram-me viva.
Os pedaços é claro, jamais serão os mesmos. Todo sobrevivente se torna cético, do mundo, das pessoas, de tudo. É conhecimento macabro demais: quantas pílulas tomar, quais alturas pular, que jeitos cair, que nós dar em quais determinados tipos de corda, como desparafusar lâminas de barbeadores, como esconder marcas com maquiagem ou roupas, quais mentiras contar. Ah, as mentiras! Quantas delas não conseguimos esconder com sorrisos. Tudo o que era trivial podia ser usado como desculpa para distrair quem estivesse ao meu redor. Está tudo bem pular corda nesse precipício, olha só como eu me equilibro em cima desse fato absurdamente inútil.
É uma longa jornada, sem dúvida. Uma bem solitária e cheia de altos e baixos, cápsulas e médicos infinitos. Nenhuma oração me consolou tanto quanto um abraço, mas nenhum abraço conseguiu me salvar que não fosse os que eu ofereci a mim mesma. A psicologia me tirou, gradualmente, do desejo de morte contínuo e me colocou de volta nos eixos. Não é fácil, mas não é impossível. A profissional certa é capaz de transformar a realidade da sua saúde mental e trazer de volta claridade onde antes não existia nenhum fio de luz.
A nicotina e a cafeína também ajudam, na mesma medida que prejudicam.
Eu escrevi Poemas da Boca do Inferno porque construí com palavras um mapa para sair de lá. Espero que a minha jornada consiga te ajudar a enxergar melhor a depressão, o su*c*d*o, a automut*lação, ou te fazer companhia caso você esteja percorrendo as trilhas que um dia eu andei também.
Tem saída que não é a morte. Eu te desejo paz, psicólogos e boa sorte.

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