Candido Portinari, para muitos o maior entre os pintores brasileiros, engraçou com a poesia em seus últimos anos de vida. Relutou em se dizer poeta, pois não queria que a fama conquistada com a pintura servisse de atalho para a divulgação da arte recém-descoberta. Acabou aceitando publicar seus poemas selecionados por Antonio Callado, mas ao amigo decretou: “Sem ilustrações”.
Depois de 55 anos, a Funarte publica, em parceria com o Projeto Portinari, esta nova edição da obra. Desta vez, pedimos licença à memória de Candinho para ilustrar os poemas. Além de cotejar a primeira versão com os manuscritos originais, as organizadoras deste volume encontraram pinturas e desenhos perfeitamente apropriados para acompanhá-los.
É esse excepcional trabalho que a Funarte e o Projeto Portinari têm o orgulho de tornar público aos apreciadores de todas as artes.
Miguel Proença
Presidente da Funarte
Enquanto houvesse luz natural, ele pintava o dia todo, todos os dias. Dizia à minha mãe: “Não me chama para comer antes da comida estar na mesa”; ele não podia largar o cavalete...
E à noite, crescendo no poente de sua vida, a solidão abriu para ele as portas da poesia, sua confidente derradeira.
Poesia que o Projeto Portinari tem hoje a alegria de reeditar — em parceria com a Funarte —, inaugurando as ações e os eventos que marcam a passagem de seus 40 anos de trabalho, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Que Portinari, o poeta, toque o seu coração. Sinta agora, no reino das letras, o que ele tanto nos contou com seus pincéis.
João Candido Portinari
Presidente do Projeto Portinari
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