POESIA NA PRISÃO

Como se abrisse a porta de entrada de um outro universo. Entrar com cuidado, corpo relaxado, sem fazer barulho e sem violações. Do lado de dentro - de fora - estão os criadores, os de alma-delicada, poemas-atestados de vida na mão, convidando à viagem.
POESIA NA PRISÃO não é mais uma antologia. Seu projeto é um roteiro lírico-político-sensorial dos corredores dos cárceres até as mais amplas veredas do lado de cá das grades - em liberdade?
A escolha dos textos é de quem conhece bem os dois lados e suas cadeias. Neila Tavares trabalhou com os cinco sentidos em conexão direta com seu centro de emoção, que através de uma extensão ligou tênue tomadinha na cabeça. Tudo funcionando a serviço dessa comunicação vital. POESIA NA PRISÃO está aí, um espetáculo. Uma montagem sensorial onde os atores se sujeitam à única formulação possível: a da palavra. Substituindo o espaço cênico, folhas em branco, em que os atores, impossibilitados de levar para a rua seus momentos, reproduziram em palavras momento e ação.
A riqueza de material tem relação direta com a riqueza que pode inventar o homem mesmo, e principalmente, em situação adversa. POESIA NA PRISÃO é um espetáculo-texto-livro que fala de poder. Um poder muito especial: o poder da imaginação, que, em última instância, toma o poder. Muita energia contando a história de um aparente hiato num processo político que não para, onde a possibilidade de criar é a ponte para a afirmação do homem.