No livro Poeta sem Palavras (Planeta Jovem, 24 páginas, R$ 19,90), as ilustrações e as palavras se misturam e se completam para tecer a história sensível do poeta que perdeu sua inspiração. Com um projeto gráfico primoroso, as páginas escritas por Luciana Savaget e ilustradas por Andrea Ebert ganham vida através da mistura de técnicas, incluindo fotos, desenhos e colagens.
Destinado ao público infantojuvenil, o livro também pode agradar a adultos. Afinal, ele conta a história do poeta que, tomado pelo medo, pela tristeza e apatia, não consegue mais sentir a pulsação da criatividade. Ele tenta se inspirar nas palavras antigas do dicionário, no céu, nas estrelas e na galáxia. E nada consegue escrever. Então, vai às ruas para buscar e acaba encontrando-a em uma mulher radiante a inspiração perdida.
É então que ele pede o sorriso dela emprestado, explicando que precisa dele para voltar a escrever. Depois de ouvir a história dos sofrimentos do poeta, a jovem consente, com a promessa de que ele irá devolver a alegria emprestada em poucos dias. Encantado, o poeta volta a escrever com fluidez.
Mas já na manhã seguinte ele é acometido pela mesma tristeza de antes. Tenta se inspirar na natureza, novamente sem sucesso. Então sai novamente à procura da musa, e quando a encontra, pede o brilho dos seus olhos. A jovem fica sensibilizada por sua súplica, e mais uma vez concorda em emprestar mais um pedacinho de si.
O mesmo se repete nos dias seguintes, como um combustível do qual o escritor precisa se alimentar diariamente. Mas vai sobrar algo vivo na jovem musa depois de tantas concessões?
A escritora Luciana Savaget usa palavras poéticas para tecer essa delicada história, metáfora sobre tantos que se apoiam na luz alheia para criar e, por vezes, acabam sugando o melhor das pessoas. O curioso é que ela escreveu este livro há dez anos e só agora quis publicá-lo. Sorte dos leitores.