Historicamente construído, o terrorismo é um dos assuntos mais multifacetados da atualidade, com aspectos e implicações política, cultural, religiosa, midiática, social e econômica.
A sua compreensão, condição primária para o seu enfrentamento, demanda uma abordagem multi, inter e transdisciplinar capaz de alcançar a complexidade que faz desse problema um dos mais desafiadores da chamada modernidade tardia.
A constante simplificação da temática e a busca de respostas rápidas e isoladas levam a um olhar reducionista que apenas contribui para retardar a lucidez necessária para combater suas múltiplas raízes.
A complexidade do terrorismo, na acepção empregada por Edgar Morin no seu clássico pensamento complexo, não permite sua investigação separada em disciplinas científicas que não interajam entre si ou tampouco dialoguem com a própria realidade.
Em várias partes do mundo, o terrorismo tem sido estudado pelas diversas áreas do conhecimento. Raras exceções, os estudos acadêmicos têm se preocupado, num primeiro momento, em reparar o abismo entre a academia e a realidade à sua volta, obrigando pesquisadores a sintetizar suas investigações e conferir a elas conclusões incompatíveis com esta “era das incertezas”.
Embora o apelo midiático do terrorismo não seja um fenômeno novo, em tempos de mídias sociais ele ganha outra dimensão e se configura como um dos seus principais agravantes. Quando o mundo real se funde com o virtual, as instituições sociais levam mais tempo para perceber que não estão discutindo ou enfrentando o terrorismo, de fato, mas, sim, aquele midiaticamente representado e construído.
O debate sobre as causas e consequências do terrorismo, assim como o seu enfrentamento, representado na falência da política da “guerra contra o terror”, não tem excedido as fronteiras da evanescência e da incipiência, pelo menos não no contexto da esfera pública midiática.
Filosofia