professores

Max e Eugênio, ex-colegas de escola, são jornalistas com carreiras muito distintas que, em dado momento de suas vidas, dão aulas em uma universidade. Aulas de Ética na Comunicação. Mas entre as postulações teóricas que ensinam e a vida real que precisam enfrentar se interpõem as contingências diárias: alunas que se apaixonam por professores e vice-versa, pequenos tropeços da carreira acadêmica, professores que dão apoio a manifestações estudantis ou que as condenam, jornalistas que de vez em quando abandonam os preceitos da profissão para subir na hierarquia administrativa. E nessa realidade mesquinha a ética pode não ser como os manuais preceituam. Se qualquer instituição é um microcosmo, capaz de representar em ponto pequeno a sociedade de que é parte, uma universidade é um microcosmo exemplar, desses que trazem em sua alma uma fatia da maravilha e da mixórdia humanas. Pois é numa universidade pequena, localizada na região da Grande Porto Alegre, que se desenvolve a trama de Professores, romance em que o cineasta e escritor Carlos Gerbase faz sua aguda visitação aos bastidores do cotidiano universitário. Uma faculdade de Comunicação é o palco das ações, apresentadas com uma velocidade e numa precisão que se aproximam do estilo do bom cinema de ação contemporâneo. Ali, homens e mulheres ? alguns com a máxima energia que só a juventude permite, outros já naquela altura em que fazem as contas para a chegada da aposentadoria ? vivem relações complexas e multifacetadas que só uma visão ingênua pode considerar pacíficas. Tramas de sexo e poder, enredos em torno da necessidade de manter as aparências e os empregos, tudo encontra um ponto de articulação geral, no centro de Professores: a Ética. Pensando bem, Gerbase retoma aqui, em pauta atualizada, o velho modelo do romance-de-tese, empenhado em fazer a ficção mergulhar sem medo na vida contemporânea, combinando elegantemente a reflexão sobre virtudes e limites da ação humana com a diversão de uma história de amor e ódio bem contada.