O Proslogion é, sem dúvida, o escrito mais famoso de Santo Anselmo (n. 1033, em Aosta, Piemonte m. 1109, Cantuária) e um dos textos filosóficos mais revisitados do pensamento ocidental. Nele, a partir de uma noção de Deus presente ao intelecto - "aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado" (id quo maius cogitari non possit)- formula o autor um férreo argumento lógico a favor da existência de Deus na realidade (in re) e não apenas na mente (in mente). Alguns, com algum exagero mas não sem uma ponta de razão, chegam a dizer que, depois de Santo Anselmo, a história da filosofia se divide entre aqueles que
aceitam a validade do argumento e aqueles que lha negam e a verdade
é que ele divide, de facto, alguns dos maiores pensadores: Boaventura (1221-1274) aceita-o como válido; São Tomás de Aquino nega a sua validade; Descartes, Leibniz e Hegel aceitam-no; Kant rejeita-o porque a existência não é um predicado demonstrável, mas sempre o suposto de toda a predicação (KrV, A 592-602) e apoda-o de argumento onto-lógico precisamente porque pretende deduzir da existência de Deus in mente a existência de Deus in re. E continua a ser ainda hoje um dos argumentos mais revisitados e debatidos em sede da Filosofia Analítica da religião.