Resenhas - Viajante de Cinza

Giovani 20/12/2023

Gostei muito da arte, é expressiva e emocional por si só. A narrativa consegue caminhar muito bem entre as diferentes ?micro-histórias?, sempre tendo algo interessante a mostrar e dizer.

André Hausmann 31/07/2023

Entre a área cinzenta da liberdade e do cárcere
Publicadas originalmente na Argentina entre os anos 1978 e 1980, temos aqui todas as 06 histórias curtas que trazem as estranhas aventuras de Cornelius Dark, um prisioneiro na solitária dos tempos atuais que pode se transportar para outro tempo e lugar.

No início da narrativa já encontramos o personagem principal sendo levado novamente para a solitária após mais uma tentativa de fuga; em nenhum momento é revelado qual foi o crime que o levou a tal situação, mas no decorrer das aventuras algumas pequenas pistas são soltas, se levantando até a questão se ele é realmente culpado ou inocente. Essa questão fica mais intrigante se levarmos em conta a época da criação das histórias em que a Argentina estava num período político muito conturbado.

Cornelius Dark para fugir do aprisionamento e isolamento da solitária ele emprega algo que aprendeu num certo livro, a técnica do escape mental. Dessa forma, com sua concentração ele se transporta para diversos pontos do mundo e da história, entre eles a Guerra de Secessão norte-americana, as invasões mongóis, e a Revolução francesa, para citar algumas histórias.

Os roteiros de Trillo nas seis histórias são espetaculares; ele brinca com o leitor, o fazendo refletir a todo o momento se o prisioneiro realmente consegue realizar o feito mágico ou se simplesmente o que ocorre é a sua única fuga possível: a loucura; num escape total da realidade. E realmente vale essa escapatória mental quando seu corpo se encontra confinado?

Para o leitor as respostas para essas perguntas podem nem fazer diferença, pois a obra, apesar de sua aparente simplicidade, apresenta lições de moral interessantes ao mesmo tempo em que o faz filosofar acerca da possibilidade que Cornelius Dark nos apresenta relatos de seus delírios enquanto enclausurado.

Já a arte de Breccia é incrível e casa perfeitamente com o estilo da narrativa. Aqui ele está na fase inicial de seu experimentalisno, já diferente do que vi no livro Sherlock Time, mas nem por isso menos atrativo.

pordentrodaestoria 06/05/2023

?Viajante de Cinza? escrito por Carlos Trillo e desenhado pelo Alberto Breccia, foi o trabalho realizado pela dupla entre 1978 e 1980.

Assim como ?Um Tal Daneri? (também publicado pela Comix Zone), este material representou um momento de transição para Breccia que passou a utilizar uma arte mais abstrata.

Na história acompanhamos Cornelius Dark, um homem que está preso e após tentar por diversas vezes fugir da prisão é colocado em uma cela solitária. Dentro daquele local e apreensivo por ter que passar um mês lá, ele busca uma alternativa para sair, mas não de um jeito convencional e fisicamente falando, mas sim através da sua própria mente. O método utilizado por ele é simples: basta se concentrar em algum objeto que conseguirá parar em outro lugar.

O quadrinho é dividido em seis curtas histórias, com cada local que nosso personagem consegue se transportar.

A edição da Comix Zone é muito bonita e segue o padrão da editora com capa dura e papel de alta gramatura. Além disso, esta obra conta com um texto de apresentação de Jaime Rodríguez (diretor de publicações na ECC Ediciones), que estabelece um paralelo entre o ?Viajante de Cinza? e ?Mort Cinder? (publicado no Brasil pela editora Figura).

Definitivamente um dos melhores trabalhos do Breccia que eu já conheci!

Guilherme Duarte 12/04/2023

Uma viagem minimamente satisfatória
Breccia é um daqueles artistas que desperta sentimentos antagônicos nos leitores. Ou você gosta do seu estilo - bastante plural nesta obra - ou você detesta as formas disformes tão comuns em seus trabalhos.

Aqui não seria diferente: não há ninguém com arte similar. Mas em Viajante de Cinza, por mais que a premissa seja muito interessante, as 6 curtas ficções históricas não trazem muito mais do que um leve e rápido entretenimento em termos narrativos.

A história até pode ser uma alegoria ao escapismo para os tempos de repressão política e liberdade de expressão restrita. Mas as rápidas incursões históricas de um personagem pouco desenvolvido desperta pouco mais do que nossa curiosidade.

Bruno Henrique 23/10/2022

Começo a suspeitar que o catalogo da Comixzone é superestimado. Um bom catálogo sem duvidas, mas com muitos exageros a seu respeito.
Viajante de Cinza tem mais valor artístico, para acompanhar a evolução da inventividade de Breccia do que valor narrativo.
Premissa bacana mas um texto tão simplório que torna impossível se envolver com essa história.
Contos curtos e desconexos que não apresentam nenhuma criatividade pra explorar a premissa, e nem são capazes em sua grande maioria, de gerar algum tipo de reflexão.

Henry 05/11/2021

Escapando do vazio
Mais uma obra interessante com roteiro de Carlos Trillo e desenhos do mestre Alberto Breccia. Esta HQ considerada rara estava perdida e a editora Comix Zone a trouxe de volta para o mercado editorial.

Um homem chamado Cornelius Dark que se encontra preso numa solitária e precisa urgentemente escapar daquele vazio. Mas escapar fisicamente ou mentalmente?

O homem possui a habilidade de concentrar-se em um objeto e se materializar na época ou lugar que se encontra. Isso capacitou Dark a fugir daquela prisão, mesmo que apenas mentalmente.

No entanto, é interessante observar que o homem parecia não ter vivido até ser preso, pois apenas com a tal experiência foi capaz de fazer aquilo que sempre quis. Desvendar o mundo e não ter medo do perigo consequente das más escolhas.

A arte de Breccia ainda é "tudo ou nada" para mim. É indiscutível a pluralidade de métodos que o artista utiliza e, assim como Buscavidas, essa HQ tem uma arte bastante experimental, o que me atrapalhou por algumas poucas vezes.

Não é um gibi sensacional, mas me fez pensar em algumas questões da vida. Valeu a pena.

Super recomendo!