Murillo Bertolini 21/10/2023
Ótima HQ que explora uma período crucial mas pouco retratado do homem-morcego
Batman O Cavaleiro se propõe a contar um período bastante conhecido da vida do Homem-Morcego, mas nunca explorado de maneira coesa e conjunta: o seus anos de treinamento antes de retornar à Gotham.
Na trama, Chip Zdarsky trabalha de uma maneira muito interessante diversos aspectos que viriam constituir a psiquê e regras morais do Batman no futuro, mas com um ritmo adequado, explorando situações, personagens e dilemas interessantes, fazendo com que a trama não seja apenas uma listagem de mestres e treinos, mas sim uma trama contada durante esse período, que faz a aventura ser muito mais interessante.
Nesse primeiro volume, temos vários destaques: 1) Bruce lidando com a raiva de maneira violenta enquanto criança, e todos os esforços, medos e dificuldades enfrentadas por Alfred na sua criação. 2) a criação da ideia de ser mais do que "mais um policial com raiva", tal qual sua namorada indica. 3) o contato com Henri Ducard e uma ladra francesa, que o faz plantar a ideia de que quando se tornasse um vigilante, trataria com menos intensidade ladrões que roubam para os pobres (alô Selina). 4) o treinamento com o célebre Mestre Kirigi e o início da construção da sua moralidade e como usar o que estava aprendendo. 5) o treinamento com a ex-agente da KGB que o indica que é necessário ter um local onde ele poder sem ele, sem as máscaras (alô Batcaverna). 6) a construção e amadurecimento de sua capacidade de ser invisível e contracenar em meio ao público, tanto como Bruce Wayne playboy milionário (que ainda é uma dificuldade para o personagem, visto sua raiva não focalizada).
Dito isso, vejo que a trama amarra de maneira muito interessante e fluida vários dos famosos mestres do homem-morcego, ao mesmo tempo que constrói de maneira bastante interessante diversos pontos que serão cruciais para o herói que Bruce será no futuro.
A arte de Di Giandomenico a um primeiro olhar me incomodava, parecendo demasiada feia e disforme em alguns momentos. Porém, ao ler a história, o artista consegue transmitir muita fluidez e agilidade para a leitura, o que certamente é um dos pontos altos da HQ. Arte muito funcional e interessante, que esteticamente começou me desagradando, mas ao final me agradou bastante.
Ótimo volume inicial, com muito potencial de desenvolvimento e crescimento na segunda parte.