Uma metamorfose iraniana

Uma metamorfose iraniana




Resenhas - Uma metamorfose iraniana


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Alessandra.Adams 07/03/2021

Uma HQ sensacional. Perfeita para conhecer um pouco a respeito do regime iraniano e as dificuldades enfrentadas pela imprensa no país.
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Bernardo Brum 24/07/2020

Kafka ressuscista no Irã; apesar da história envolver uma barata, o drama de Mana lembra mais O Processo, perseguido por uma tira em um cartum infantil onde uma palavra descontextualizada o joga em um inferno processual que eventualmente o torna um refugiado de seu próprio país. Preso e intimidado por algo tão pequeno quanto uma barata, é frequentemente punido pelo responsável do processo por estender a confissão escrita além do limite de quadro determinado. Com isso, atravessa o romance gráfico elementos estéticos reiterativos, como personagens "quebrando" as linhas do quadro e o avistamento de baratas em momentos especialmente dramáticos. Nesse misto de biografia e surrealismo, Mana expõe o quanto a nossa realidade pode ser absurda, e frente a um governo despótico a esse nível (nosso "politicamente correto" mal se compara ao deles), que uma narrativa pretensamente realista se torna impossível - e o que nos resta é o elemento humano, que "rompe o quadro" de uma realidade tão terrível.
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Steph.Mostav 02/11/2020

Releitura de Kafka
Uma releitura razoável da obra do Kafka, não apenas de A metamorfose, mas também O processo. Neyestani se aproveita da figura emblemática da barata e dos labirintos burocráticos kafkianos para ilustrar sua própria história como preso político e refugiado. Tudo causado por um mal entendido, cujas repercussões geram os melhores momentos reflexivos da história. Apesar de, por acidente, ofender um grupo social minoritário no Irã, o autor em nenhum momento culpa os cidadãos pertencentes a esse grupo por se sentirem humilhados com a representação de uma barata usando uma expressão idiomática deles. As acusações, ou ainda as aflições de Neyestani voltam-se todas para o governo que se aproveita desse caos para silenciar ainda mais todos os opositores, usando a prisão do cartunista como estratégia política.
Assim como para Gregor Samsa, a história do autor se passa num cenário de pesadelo, no qual ele se vê limitado às condições que os outros tem a oferecer a ele, sempre sem explicação e nunca com sequer um vislumbre de resolução. Neyestani representa bem o desespero kafkiano com o prazo indefinido de um julgamento do qual ele não é culpado, assim como sua transferência de cela para cela, de país para país, sem mudança alguma para sua tormenta.
O estilo de desenho é nitidamente obra de um cartunista e os governantes, juízes e advogados são caricatos até mesmo no comportamento. Neyestani também reduz a si mesmo no quadrinho a uma vítima das circunstâncias, sempre na condição de sujeito passivo que é submetido à espera sem fim. Sua resolução com a barata resgatada repetidas vezes durante todo o enredo é bastante previsível, além de meio ridícula. Ridículo também é o humor fora de lugar na maior parte dos momentos, como as tentativas de metaficção que destoam muito do restante da narrativa no qual esse tipo de experimentação não tem lugar. Também senti falta de uma contextualização maior, ao final pouco sabemos sobre as particularidades daquele momento histórico; poderiam ser inseridas nesses momentos de humor mais leve, em vez da utilização de referências genéricas e ocidentalizadas.
Mas o saldo final é positivo e Uma metamorfose iraniana é um quadrinho satisfatório.
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Leo Piana 07/09/2015

Essa hq é muito boa, ela narra o que vai acontecendo com um cartunista iraniano após ele ser acusado de difamar uma minoria que vive no Irã. Basicamente ele se fode pra caramba, o que em si já é um tema bem legal de se explorar, mas a narrativa que ele usa, e os momentos de devaneio dele são muito bons, além da arte encaixar legal com a história.
Reforçando, vale muito a pena ler esse quadrinho, e se você gosta de histórias meio auto biográficas, além desse, leia Retalhos, Persépolis e Pílulas Azuis, são ótimos também.
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Adriano 08/02/2020

Pesadelo kafkiano
O pesadelo de Mana Neyestani começa em 2006, no dia em que ele desenha uma conversa entre uma criança e uma barata no suplemento infantil de um jornal iraniano. A barata desenhada por Mana utiliza uma palavra azeri, e os azeris, povo de origem turca do norte do Irã há muito oprimido pelo regime central, se sentem provocados. Para alguns deles, o desenho de Mana é o estopim que faz inflamar os ânimos e um excelente pretexto para desencadear um levante.
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Cilmara Lopes 09/08/2015

Hq's Iranianas
Salam!
As histórias iranianas que conheço através dos quadrinhos. Sim, certas hq's nos mostram mais que livros.
Gente, vocês "precisam" ler estes dois exemplares! ?
Eu li Persépolis faz um tempinho, mas ressalto que é uma história incrível, bem narrada e os fatos são bem apresentados. É ótimo o entrelaçamento do período de guerra no Irã com a vida do Personagem.
A Metamorfose Iraniana terminei semana passada, conta a biografia de um ilustrador que trabalhava para jornais reformistas, mas devido infortúnios de tal profissão ..se vê obrigado a ser ilustrador para o público infantil, e neste momento acontece algo que muda sua vida pra sempre e que faz o enredo ficar muito emotivo e genuíno.
Foi um prazer conhecer um pouco da vida e arte de Marjane Satrapi e Mana Neystani.
Vale lembrar que não podemos restringir nossa visão sobre o Irã somente com essas histórias, mas elas se identificam com a de muitos iranianos.
Sem mais, Boa leitura! ?
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Kah 03/07/2020

Que tristeza não poder fazer seu trabalho em paz e ainda ter que fugir de seu próprio país pra poder fazer o que gosta.
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Renata (@renatac.arruda) 16/02/2016

Maldita barata!
Muito boa essa HQ! O cartunista iraniano Maya Neyestani conta a história de como uma tirinha sua que trazia uma barata falando uma palavra azeri - um povo oprimido que entendeu o desenho, voltado para crianças, como uma provocação. A publicação gerou vários protestos violentos, fazendo com que Neyestani e seu editor acabassem na prisão, até que a concessão de liberdade provisória faz com que o cartunista consiga se articular para fugir do país, vivendo anos como exilado na Malásia até finalmente conseguir o visto para a França, onde vive.

A história é muito bem construída e amarrada, mesclando a situação extremamente tensa e imprevisível com o divertido senso de humor de Neyestani. De um lado, os azeris cansados de sofrer humilhações; do outro, um governo que aproveita a oportunidade para silenciar a liberdade de expressão, sob pretexto de que jornalistas e afins seriam pagos para criar levantes.

Há bons vislumbres sobre como funciona a "justiça" e o sistema prisional no Irã mas o que achei mais interessante foi a maneira como uma militância de catarse pode levar a equívocos muito sérios.

Prosa Espontânea: https://www.instagram.com/p/BBlSwCjjUyY/
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Alex 28/02/2016

Um modelo que está se esgotando
Com o recente embate diplomático sobre o programa nuclear iraniano, a dissidência política iraniana exilada tem sido fonte de grande atenção pelo Ocidente. Diretores de cinema, ativistas, e jornalistas iranianos têm recebido prêmios e destaques. E as graphic novels não são exceções: depois de Persépolis (Marjane Satrapi, 2007), e Paraíso de Zahra (Amir e Khalil, 2009), Uma Metamorfose Iraniana (Mana Neyestani), lançada no Brasil em 2015, veio para somar como um sucesso de crítica sobre quadrinhos que retratam o sistema político-penal da República Islâmica do Irã.

A HQ é de leitura agradável, com toques de humor, suspense, e uma história que nos prende do começo ao fim. O traço de Mana é belo e a escolha da técnica de hachura (método de linhas paralelas para formar texturas e sombras) foi feliz, propiciando o clima sombrio adequado para uma história kafkiana de injustiça e perseguição, diferentemente do que seria com um traço suave e limpo (o autor propositalmente evidencia esse contraste ao, em algumas cenas, acrescentar um cartoon infantil imaginário, que lembra muito o soldado zero).

Mana quis dar a mesma sensação do pesadelo de Gregor Samsa de Kafka, que do início ao fim está em um sonho horrível, num quarto abafado, opressor, sem visuais belos. O custo dessa abordagem, porém, foi a capacidade de imersão na história. Os personagens de UMI, principalmente os burocratas e juízes vilões, são previsíveis e caricatos. O protagonista aparentemente não sai da condição de observador passivo, arrastado pelos eventos, o que diversas vezes não fica convincente.

Minha principal crítica à HQ é o cenário/mundo pobre, com pouquíssimas referências históricas ou culturais sobre o Irã, e sem uma contextualização clara do clima de instabilidade e perseguição que o autor diz haver. Se não fosse dito, jamais saberíamos que a história se passa em Teerã e arredores. Para referências situacionais, o autor lança mão de personagens do Ocidente, como o General Custer ou filmes hollywoodianos, que ficam um tanto forçados, quando a própria riquíssima cultura persa poderia acrescentar à HQ mais erudição e espontaneidade, além de despertar no leitor o interesse de pesquisar mais sobre personagens e marcos locais pouco conhecidos no Ocidente.

Após UMI, tive a percepção de que essa tendência de graphic novel autobiográfica, com fundo político, está se esgotando. Uma tendência que teve seu auge com Maus e que deixou os livros de arte sequencial mais populares do que nunca. Nas livrarias, ocupam espaços cada vez maiores, junto à alta literatura. Não é surpresa, portanto, que o ramo de graphic novel seja amplamente utilizado como instrumento de soft power para retratar de forma caricata países não-alinhados ao Ocidente, como o Irã (Uma Metamorfose, Paraíso de Zahra, Persépolis), Iemên (O Mundo de Aisha), China (Adeus Tristeza), Cuba (Minha Revolução), Síria e Líbia (O Árabe do Futuro) e etc.

Porém, depois do acordo nuclear do Irã com o P5+1, é possível que o país suma por uns tempos do mercado, assim como foi com a febre do Afeganistão na última década. Pelos acontecimentos mais recentes, não me surpreenderei se a partir de agora começarem a surgir nas livrarias HQs sobre ucranianos ou chechenos oprimidos pela Rússia de Putin, que parece ser a bola da vez.

Por enquanto, a HQ que melhor retrata o contexto político do Irã ainda continua sendo a Operation Ajax (da Cognito Comics).
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Matheus 14/05/2016

Neyestani tem uma história interessantíssima e forte para contar, e através de seus traços simples, mas extremamente expressivos, nos leva a uma realidade totalmente diferente da nossa, onde a liberdade do cidadão vale enquanto sua opinião e voz for na mesma direção que a do governo. Sendo uma pessoa comum, a todo momento nos identificamos com seu sofrimento e angústia, praticamente nos colocando em seu lugar. O autor ainda consegue se utilizar muito bem da linguagem das histórias em quadrinhos para enriquecer sua obra, fazendo inúmeras brincadeiras e metáforas com os desenhos, deixando a leitura mais fluída e interessante. Falando em metáfora, é muito interessante o uso da figura do inseto que o trouxe tantos problemas, praticamente modificando sua vida completamente. A barata o acompanha por toda sua história, hora somente o observando, as vezes interferindo, e em algumas vezes até dando conselhos. Apesar de tudo, mesmo tentando acabar com ela por várias vezes, o que fica é que ele tem que aprender a conviver com aquela figura, aquela mancha em sua vida. E se depois de tudo ele consegue um mínimo de ajuda para sair de sua situação, ainda assim a barata de sua história ainda estará lá, o acompanhando (assombrando) para sempre.
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Nat 09/01/2017

Culpa da barata
É uma autobiografia onde o cartunista Mana relata o sufoco que passou em seu país, Irã. Ele fez uma tirinha para um suplemento adolescente de um jornal e essa charge foi considerada descriminatória por uma parte do povo iraniano, os azeris (que são de descendência turca e tem alguns costumes e dialeto diferentes do resto do país). Esse povo já se sentia diminuído há muito tempo, e a tirinha foi o estopim para iniciarem manifestações violentas, que geraram mortes. Por conta disso, o desenhista foi preso. Mesmo sem ter infringido nenhuma lei, não conseguia sua libertação de forma alguma. ***Spoiler*** Após alguns meses preso, conseguiu liberdade provisória e fugiu. Porém seu caso não era considerado grave e por isso demorou muito para conseguir um país para recebê-lo. Sua esposa o apoiou em tudo e fugiu com ele. Atualmente, está na França em uma residência dos artistas sem fronteiras.

site: https://www.youtube.com/c/PilhadeLeituradaNat
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Vanessa França 18/06/2017

https://geeklivroseresenhas.blogspot.com.br/2017/06/metamorfose-iraniana-de-mana-neyestani.html
Imagine ser um cartunista em um país como o Irã. Onde a liberdade de expressão é um sonho, e qualquer coisa que você diz ou faz pode ser interpretada de forma peculiar pelo governo como anti-Irã e você terá que sofrer as consequências (muitas vezes diretas). Mana Neyestani sabia que estava se arriscando com sua escolha de emprego, e seu maior objetivo era manter a cabeça baixa e ter certeza de que não era notado pelas autoridades. Tudo mudou com um desenho animado fatídico, como descrito em Uma Metamorfose Iraniana.

Como cartunista, Neyestani escreve e ilustra uma Metamorfose iraniana, é uma história séria, com grandes ramificações para questões como a liberdade de expressão e o controle governamental. Na mão de outro artista, o livro poderia se tornar sério e pesado, uma lição moral para o leitor. Mas porque Neyestani está ilustrando sua própria história, ele segue uma abordagem bastante humorística para sua situação. A arte em preto e branco é certamente rígida, mas suas linhas têm uma dose de brincadeira. Ele usa humor escuro para descrever sua situação.

Em vez de narrar sua própria história, Neyestani permite que outra criatura faça isso por ele em uma metamorfose iraniana: uma barata. Por que uma barata? Bem, existem vários níveis para isso. Neyestani usa esse inseto para ilustrar o absurdo de sua própria história. Também, uma barata é relevante para os desenhos animados para os quais ele foi preso. Mas mais do que isso, Neyestani está usando a barata da Metamorfose de Kafka para distanciar-se da situação incrivelmente dolorosa e difícil.

De certa forma, a situação de Neyestani nunca termina porque, uma vez que você se torna um inimigo político do Irã, não há retorno, e isso está bem ilustrado no livro. Se você está interessado em todo o Irã e problemas políticos modernos, este livro de memórias gráfico é uma leitura obrigatória.

Vale 3/5
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Leonardo1263 13/07/2017

Uma baita metamorfose!!!
A proposta do quadrinho é simples, além nos apresentar de forma tensa e um pouco dramática o que aconteceu com Mana, ele usa de toda sua técnica para prender o leitor. Eu gostei muito do seu jeito de escrever e ilustrar, quebrando a quarta parede muitas vezes, fazendo piadas com ele mesmo e seu destino incerto, usando cenas de filmes famosos e clássicos literários para causar um pouco de humor onde não havia. A politica iraniana é representada muitas vezes com o pior que o seu regime pode ter, mas, apresentar mais detalhes sobre isso estragaria sua leitura.

Há um tempinho li A METAMORFOSE de Franz Kafka em que Mana faz menção direta logo de início na HQ. Fiquei feliz, pois Kafka é ótimo e que bom que ele bebe da mesma fonte. Posso ficar rasgando elogios aqui por um bom tempo, mas prefiro que leia o review completo no link abaixo!

site: https://mundohype.com.br/uma-metamorfose-iraniana/
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lokaut 14/03/2019

Tudo culpa da barata
O título já diz tudo, um cartunista foi preso por causa de uma charge envolvendo uma barata.

Ele relata como foi sua vida na prisão e mostrando outras injustiças que o governo iraniano tem, mesmo não tendo provas concretas, mas o governo precisava de um bode expiatório, pois aquela charge causou muito tumulto no Azerbaijão.

Ao desenrolar da história, sabemos que a charge só foi um cataclisma, já que o Irã humilhava os Azeris (pessoal dos protestos)

Só que história tem diversos plots e meio que ela não acabou né, já que é uma história real
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