André Hausmann 23/02/2023
Um homem com poderes e uma vida animal
Homem-Animal (Buddy Baker) foi criado em 1965 por David Wood e Carmine Infantino, mas mesmo com sua capacidade de absorver características dos animais, ele nunca foi um personagem de primeiro escalão; até cair nas mãos do britânico Grant Morrison.
O escritor trabalha com o personagem com este se reconhecendo como um fracassado e que precisa se tornar relevante perante o mundo e a família. E Morrison acrescenta a isso temas que para ele eram muito sérios e que se encaixavam ao perfil que estava desenvolvendo para o Homem-Animal; tais como poluição, extinção de animais, ecoterrorismo, utilização de animais para pesquisas, entre outros.
Transitando no período de Crise nas Infinitas Terras e Invasão, o personagem cruzou com diversos heróis, mas nem sempre de maneira grandiosa (como na participação do Superman); os melhores momentos envolvem heróis e vilões do mesmo escalão que ele, como Fera Bwana, Vixen, Mestre dos Espelhos e Máscara Rubra.
Com a idéia inicial de ser uma mini-série de 4 capítulos, o autor ficou por 26 números (1988-1990) trafegando por heroísmo, misticismo, uma origem ampliada e muita metalinguagem. (Temos aqui o personagem se descobrindo como personagem e um bate papo com o autor). Além do roteiro é preciso destacar o excelente trabalho dos artistas e do capista, Brian Bolland.
Com histórias e fatos que às vezes deixavam ainda mais perguntas, como a elogiada O Evangelho do Coiote, o autor trabalhava tramas por trás dos eventos que apresentava em primeiro plano; mas cujas linhas narrativas são todas fechadas no último número da série.
Nem todos podem curtir o trabalho de Morrison, devido seu estilo complexo de expor sua narrativa, mas aconselho para quem curte quadrinhos a leitura desse material.