Aos oito anos, o escritor Paul Bowles era apaixonado por uma frase de Macbeth, de Shakespeare. Na cena Banquo olha a chuva se armando em nuvens e relâmpagos e avalia: "Que venha a tempestade". Em 1952, Bowles publicava o livro a que deu este título e que, na sua opinião, é um retrato perfeito de uma Tânger que já então deixara de ser tal como é recriada em sua narrativa. Cartão-postal de uma época, portanto. "Que Venha a Tempestade" é também a história e um não-herói, de uma nulidade, uma vítima que vive ao sabor das circunstâncias. Um personagem perfeito da galeria de tipos solitários e angustiados de Bowles. Uma prova irrefutável de seu talento, aos poucos avaliado à justa luz.
Literatura Estrangeira