"Ler Diego Moraes e não sentir um nó na garganta é só para quem nunca amou. A poesia do Diego vai se entranhando pelos poros, escorrendo pelo rosto, se tornando uma fratura exposta a denunciar a paixão de quem o lê.
Os aeroportos, os botecos sujos da cidade, a televisão com seus Supercines e sessões da tarde, o calor abafado do verão tropical, o frio imaginado das Antártidas que habitam o peito de quem já deixou de amar ou foi deixado por seu amor.
Os fracassos, as omissões, os desesperos nas noites solitárias, tudo regado a Bukowski, Hemingway, às drogas lícitas, ilícitas e à pior de todas: as paixões arrebatadoras.
Diego não omite seu lirismo violento, sua sensibilidade fora de época, seu coração transbordante. E traz à tona a nossa fossa, nossos fracassos amorosos, que muitas vezes invernizamos, e que esse livro empapado de seu suor, lágrimas e sangue, risca até deixar transparecer nossa camada de humanidade há tanto escondida.
Daqui desse livro, desse mundo do Diego, não se sai ileso, pois como ele diz “Literatura é praia sem salva-vidas”. Entre risos e lágrimas acho mesmo que vale a pena, sempre vale a pena ler o Diego, nem que seja para lembrar que o amor está à espreita para nos derrubar a cada virada de página.
E que se de tudo resta um pouco, que restem esses versos certeiros a nos fazer doer o coração e arder os olhos, e a nos lembrar que sim, Diego, apesar de tudo, ainda estamos vivos."
Paula Autran, escritora.
Poemas, poesias