Queria mais é que chovesse, o volume que apresenta Pedro Mexia no Brasil, é uma seleção de textos na qual se destaca a persona criada pelo autor ao longo dos anos, quer nas crônicas quer nos falsos diários. Cultor da autodepreciação, do pessimismo existencial, do falhanço amoroso e do desajuste social, Pedro Mexia manipula com mestria o jogo da ficção autobiográfica, à maneira de Machado de Assis, citado num dos textos: “Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade; advirta que a franqueza é a primeira virtude de um defunto.”
Queria mais é que chovesse assume-se como um “teatro do eu”, nas palavras do autor. Ou seja, um palco onde, curiosamente, talvez não seja necessária a suspensão da descrença por parte do leitor.
Crônicas / Literatura Estrangeira