Racismo invisível: a discriminação racial nas organizações

Pode-se afirmar com segurança que a questão racial possui mais de um século de tradição de pesquisas nas ciências sociais no Brasil, se tomarmos como marco de referência a obra de Nina Rodrigues, que remonta ao final do século XIX. Todavia, o mundo empresarial não foi o locus empírico privilegiado nas investigações sobre essa temática nesse campo científico em nosso país. A ciência da administração, devotada em essência ao estudo das organizações, também deixou o fenômeno do racismo no esquecimento ao longo da sua formação e desenvolvimento entre nós.
Foi apenas recentemente que essa lacuna começou a ser preenchida por trabalhos situados na fronteira entre esses saberes. É o caso desse estudo, fruto da união nada evidente entre a experiência do gestor de Recursos Humanos e o olhar crítico do sociólogo. Ele aborda as vicissitudes vividas por profissionais negros de vários níveis ocupacionais, do chão de fábrica aos cargos administrativos. Esses sujeitos se viram diante das “facetas de um racismo silenciado”, expressão do meu mestre Kabengele Munanga. Foram bloqueados, como aponta o autor, por “mecanismos camuflados” e “formas sub-reptícias” que evitavam o seu ingresso, ou dificultavam sua ascensão na hierarquia de empresas de capital nacional e de multinacionais que operam no Brasil.
Escrito numa prosa envolvente, esse precioso livro com o qual Renato Ladeia nos brinda traz contribuições importantes para jovens afrodescendentes que aspiram carreiras executivas, para ativistas do movimento negro, para profissionais de gestão de pessoas, para consultores de diversidade. Enfim, para todos aqueles que são sensíveis à causa antirracista. Ele é uma inspiração para mim mesmo, em meus trabalhos nessa seara.

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