"Real e de Viés" é como um vinho das melhores safras. A cada trago oferece-nos o aroma de terra e água das grandes nuvens carregadas, a batida cadenciada de uns pés de fogo sobre o tablado da vida, os silêncios dilatados entre as palavras, golpeando-nos com o seu punhal vivíssimo de inquietudes e de claridades.
Seus versos embalam, acariciam, surpreendem e revelam. Mas também cegam e ferem com luzes submersas e sombras inauditas - vocábulos musicais, sons negros, teias de fatalidade, tintas brancas. Facas de ironia e maciez de ovelha. Sensualidade de sandálias sobre paisagens, corpos e acentos ignorados, éter saído de pesos e levezas que se misturam. Morte e vida e amor e susto.
Leandro de Oliveira toca também os elementos mais simples e cotidianos, e o faz com o talento e a elegância de uma sensibilidade e inteligência que a tudo universaliza.
- Por Wanessa Monteiro de Barros