Muitas são as obras, de valor desigual, que tratam as guerras que, na Península Ibérica, opuseram a Cristandade e o Islão. Mas tem-se descurado, muitas vezes, se não sistematicamente, a abordagem militar, nas suas várias vertentes de estratégia, tácticas, sistemas de defesa estática ou dinâmica, combatentes e armamento, para só referir os aspectos mais importantes. Tentámos perceber a realidade portuguesa nas suas diferentes variáveis, mas sem esquecer dois pontos que consideramos importantes: primeiramente, que o território que vai constituir o futuro reino de Portugal foi ocupado, até ao século XIII, em vários dos seus segmentos, cada vez mais pequenos, é certo, pela formação islâmica, que é necessário compreender nas suas linhas gerais, e também na especificidade dos caudilhos que ocuparam este espaço; em segundo lugar, que a história militar portuguesa medieval da formação cristã não se inicia com a “tomada do poder” por Afonso Henriques, em 1128, após a batalha de S. Mamede, ou mesmo com a constituição do Condado Portucalense, mas tem o seu começo antes disso, pelo menos em 856, com a ocupação da chamada “linha do Douro”.
História