Somos realmente como os outros nos veem ou somos apenas uma grande encenação? Os contos reunidos em “Reflexões Delirantes” formam uma grande massa pictórica que pode ser comparada às pinturas barrocas, cujas sombras se difundem no cenário do Rio de Janeiro, uma cidade que arde com o sol que aquece o asfalto e os prédios monocromaticamentes cinzentos e sem brilho. Nunca sabemos onde começa e onde terminam os sentimentos de desejos, de angústias, de amor e de ódio dos seus personagens, que no cotidiano banalizam o absurdo e celebram com a mesma naturalidade com que um pintor expressa na tela os seus traços não lineares, que nossos olhos acompanham e nos quais percebem o oculto e o visível.
Contos