As imagens são notórias: Hitler, e seu famoso bigode, regendo uma multidão entusiasmada e obediente, enquanto desfilam colunas e mais colunas de soldados. Também nos lembramos do continente europeu sendo dominado e de 6 milhões de judeus condenados aos fornos dos campos de concentração. Não surpreende que o Nacional Socialismo, abreviado e mais conhecido como nazismo (de nazi, as duas primeiras sílabas de Nazional), tenha se tornado sinônimo do mal.
Porém, não são muitos os que se recordam da popularidade do nazismo fora da Alemanha. Num período em que a democracia foi chamada de “ilusão perigosa”, os fascismos se espalhavam a tal ponto que países como Austrália e Canadá tiveram seus próprios partidos simpatizantes com a causa alemã. Na Itália, o fascismo triunfara em 1922. Na década seguinte, regimes autoritários se espalharam por todos os lados, fazendo do nazismo apenas o exemplo mais notável.
Neste dossiê, o leitor encontrará um cenário pouco revelado e mais perturbador: o Brasil nazista. O desolador cenário da democracia na década de 1930, o sucesso da publicação do livro de Hitler por uma editora do Rio Grande do Sul e a descoberta de uma fazenda no interior de São Paulo que, inspirada em teorias raciais, escravizou crianças órfãs (na maioria negra). Em vez de pensar que “o trabalho liberta”, como os nazistas estampavam em seus campos de concentração, é melhor afirmar que a memória salva.