Em 18 de novembro de 2011, a lei que determina a instalação da Comissão Nacional da Verdade foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff. Quase seis meses depois, até o fechamento desta edição, seus membros ainda não haviam sido indicados, ainda que várias manifestações em todo o Brasil tenham pedido a sua instalação imediata.
A dívida que o país tem com sua própria história continua pendente, mas a mobilização de setores da sociedade brasileira é um alento a quem clama, há tempos, por justiça. Uma dessas mobilizações, o esculacho em frente à residência de um dos médicos legistas que fez laudos a serviço do regime militar, motivou a matéria de capa desta edição de Fórum. Mas não foi o único fator. Novas revelações começam a surgir a respeito de um período sombrio para os brasileiros e que deixou sequelas ainda presentes em nossa imperfeita democracia. E é essencial que essas denúncias sejam investigadas com responsabilidade, sem descartá-las de pronto ou aceitá-las como verdade preestabelecida, até para que outros também sejam estimulados a participar de um trabalho de resgate da memória nacional.
Mas uma característica importante deve ser destacada em relação às manifestações mais recentes. Trata-se da presença maciça de jovens que não chegaram a viver no período ditatorial, mas que entendem o quanto as feridas abertas de décadas atrás
e a impunidade de quem torturou e matou fazem com que, ainda hoje, práticas repressivas por parte do poder público façam parte do cotidiano dos brasileiros.
Todas essas mobilizações mostram que o passado que muitos fingem ignorar, e que outros tantos tentam enterrar, não será esquecido tão facilmente, até porque há pessoas de uma nova geração com plena consciência de que os direitos humanos são atemporais e a sua violação não deve ser tolerada nem ontem, nem hoje e nem no futuro. Buscar a justiça que ainda não veio é uma forma de respeitar e dar continuidade a uma luta de várias gerações anteriores pela construção de nossa democracia. E que continua atual.
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