A construção civil brasileira vive um ciclo de dinamismo e inovação que não experimentava há décadas. O número de empreendimentos executados disparou e muitas construtoras precisaram re-estruturar seu sistema de gestão de obras. O mercado também amadureceu e tornou-se mais exigente em aspectos relativos à qualidade, à sustentabilidade e ao desempenho das edificações. O fenômeno se materializa na forma de novas legislações, normas técnicas e selos de sustentabilidade. Da concepção ao pós-obra, os conhecimentos técnicos necessários para a realização de um empreendimento se sofisticaram, abrindo espaço para a especialização. Os consultores mais experientes têm sido bastante requisitados em suas áreas de atuação – acústica, conforto térmico, construção sustentável, eficiência energética e automação são apenas alguns exemplos. A grande quantidade de informações e de agentes envolvidos no projeto demanda profissionais preparados para reger essa orquestra. A entrevistada do mês, Maria Fernanda Ávila de Sousa da Silveira, presidente da Associação Brasileira de Gestores e Coordenadores de Projetos, lembra que, na Europa e nos Estados Unidos, o arquiteto é o “dono” do projeto e participa ativamente das principais decisões construtivas do empreendimento. No Brasil, a responsabilidade é normalmente assumida pela construtora, muitas vezes designando seus engenheiros mais experientes para desempenhar esse papel. Independentemente da formação do profissional, o importante é que o coordenador de projetos seja capaz de conciliar o conhecimento das disciplinas específicas e uma abordagem mais generalista do empreendimento, para que possa analisar e organizar as demandas das partes. Não há segredo: é preciso que cada construtora tenha pelo menos um profissional com uma visão abrangente dos processos ou atribua essa responsabilidade, devidamente remunerada, a uma empresa de sua confiança.
Renato Faria
Engenharia