Resenhas - Superinteressante N° 128 (Janeiro de 2000)

z..... 14/11/2021

Janeiro de 2000
"Zoológico de gênios"
Reportagem de capa, sobre a inteligência dos animais, não se prendendo a aspectos instintivos e valorizando a capacidade de trapaças em ações calculistas. Ah, então seria a faceta de malandro! Mais ou menos, com exemplos curiosos.
Acredito que na atualidade a discussão no assunto não é acalorada como antes, pois se as informações resultavam de pesquisas circulantes principalmente no meio acadêmico, hoje estão aí diversos vídeos impressionantes sobre comportamentos que sobrepõem o instinto natural, ilustrando aprendizagens, para qualquer um ver e refletir. Vou deixar em registro o caso, relativamente recente, de sujeito na Costa Rica que salvara um crocodilo, surgindo relação intrigante e incomum (o sujeito dormia, nadava, se deitava ao lado do bicho e qualquer pessoa que se aproximasse era tratada de maneira reativa pelo crocodilo). Ué? Mas o bicho não era só instinto ou rolou uma espécie de reconhecimento? Existem imagens impressionantes também de salvamentos, o que nos leva à percepção de perigo ao homem no reconhecimento animal e reação ao fato. Conheço sujeito, aqui perto de casa, que num naufrágio em rio com jacaré-açu, foi acompanhado por tucuxis, que o "escoltaram" e espantaram outros animais (como os botos-vermelhos, apesar de se popularizarem aspectos amigáveis, a maioria das pessoas que conheço tem medo deles e com certa razão).
Acredito também que existem exageros quanto a memória, aprendizagens e afetividade nos animais (que o diga clássicos como "Caninos Brancos", que em termos de pensamento configura a história de uma pessoa). Muitos morrem ou são feridos anualmente por se empolgarem nesse pensamento e, assim como os clássicos, desenvolvem relação com os bichos como se fossem humanos.
Viajei nesses devaneios na leitura...

"Profeta de outros mundos"
Sobre Giordano Bruno, pensador-cientista condenado à morte pela inquisição, cuja condenação à fogueira completaria 400 anos em fevereiro de 2000.
Interessante que existem pedidos para reabilitação dele, mas, até onde pesquisei, a igreja é relutante nisso por conta de suas heresias (o que é fato, como ateu que era, mas não justificativa para condenar ninguém, além de muitas de suas proposições estarem corretas - deveria ocorrer pedido de perdão simbólico a ele).
O aspecto destacado na reportagem foi o pensamento de que "cada estrela tem seus próprios mundos", em alusão a possibilidade de planetas e outros astros com suas histórias, desvinculadas da Terra ou Sol, vistos como centro do universo nas teorias do contexto.
A reportagem foi também oportunista à descoberta de novos planetas e astros que bombava na ciência em descobertas recentes.

"A epidemia do sangue doce"
Gostei da reportagem, que fez uma diferenciação para leigos entre diabete tipo 1 e tipo 2, observando-se a fisiopatologia, consequências e tratamentos. Obviamente, embasada no conhecimento de época.
Não sou nenhum especialista, mas já li sobre o assunto (fui acadêmico de enfermagem) e assim acredito que faltou questão importante sobre a diabete tipo 1 (onde existe pouca produção ou ausência de insulina no organismo - na tipo 2 ocorre resistência das células à ação desse hormônio) referente à acidose metabólica ou cetoacidose. Mais ou menos assim: já que o organismo não consegue digerir o açúcar, a principal fonte energética, lança mão então da digestão de lipídios e proteínas, tendo como resultado a liberação de substâncias ácidas. Essa acidez pode trazer complicações, como insuficiência renal e cardíaca, podendo levar à morte dependendo da intensidade e interferências no metabolismo e na falta de tratamento. Ih, rapaz! É por aí o troço que, convenhamos, seja como for, não pode ser ignorado em esclarecimento sobre a diabete tipo 1.