Almas de lama e aço (Gustavo Barroso)

Almas de lama e aço (Gustavo Barroso)



Resenhas - Almas de lama e aço (Gustavo Barroso)


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z..... 20/08/2018

A publicação é de 1928, período em que o cangaço teve sua maior projeção (no ciclo de Lampião), tornando-se conhecido além dos sertões nordestinos. O autor aborda as origens do fenômeno e seus desdobramentos populares, que mistura visão de banditismo e heroísmo.

Tirando a parte do texto em linguagem arcaica, que em minha leitura foi curiosa, mas não curti, as impressões (algo que instigou-me) não se aprofundam muito e basicamente destacam o cenário desafiador ao homem, estimulante a uma reação enérgica. Em determinado momento equipara o contexto ao período medieval, onde as similaridades seriam vistas no coronelismo, em disputas entre famílias e na ausência de leis efetivas, que muitas vezes eram criadas de maneira independente no próprio meio. Uma das coisas curiosas é que muitos padres também se guiavam com leis próprias, até mesmo fora de determinações hierárquicas.
O cangaço nesse meio é compreendido como uma escolha, diante de forças da justiça que também eram independentes e cometiam crimes como os cangaceiros. O autor cita que a população temia mais os policiais que os cangaceiros, e a bandidagem se espalhava entre os dois grupos.
No que foi mencionado no início, de que o meio estimulava reação enérgica, todo cangaceiro começava como um revoltado, que depois escolhia a bandidagem, e esta, no meio atípico, se dividia entre forças de justiça e cangaço (farinha de um mesmo saco).

O texto também, lembrando a equiparação medieval, menciona Robin Hood e faz esse paralelo com os cangaceiros (na visão do autor).

Particularmente, o que o livro me fez concluir, é que a equiparação do cangaço à questão heroica é algo romantizado e enfatizado apenas na origem, disfarçando e não explorando o que não é muito lembrado na mitificação: a realidade em que os cangaceiros viviam, que também seguia determinações pessoais, acima de tudo movida por seus interesses escusos, contra muitos daqueles que os idealizaram como heróis (matando, estuprando, assassinando, roubando e sujeitando a uma opressão tirânica). Como diz o título eram homens ambíguos, de lama e aço, com heroísmo na opinião de alguns, mas na prática, com banditismo onde quer que passassem.

Não me convenci com a opinião do autor, adepta ao heroísmo. Pareceu-me um livro construído para alimentar certos interesses, como disfarçar a incompetência e relapso governamental com os cidadãos, desviando a atenção na compreensão de algo que existiu por conta de seu papel fracassado.

O autor era do meio político também...
Ayrla.Aquino 10/09/2022minha estante
Olá. estou fazendo uma pesquisa sobre o cangaço e gostaria de saber se nesse livro fala sobre a origem do nome cangaço. Você saberia me informar?




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