O que explica que uma revolta deflagrada por escravizados, que resultou no trágico enforcamento de todas as suas lideranças negras na província de Minas Gerais, entre 1833 e 1834, raramente apareça nos livros didáticos oficiais? Ou, quando algo se diz, seja pautado pela simplificação ou pelo silenciamento?
A resposta à indagação está estampada neste pequeno e contundente livro. A Revolta da Carrancas foi radical em sua proposição, objetivando tanto a conquista da liberdade dos negros escravizados, quanto à apropriação coletiva das terras senhoriais.
As evidências históricas detalhadas neste estudo demonstram que, ainda que a eclosão tenha ocorrido em um contexto de fricções entre segmentos da aristocracia rural dominante, a Revolta de Carrancas se efetivou sob a ação e o comando de escravos sublevados que sonhavam, na esteira da magnífica Revolução Haitiana, com o fim da escravidão e da grande propriedade.
Através de meticuloso trabalho de historiador, que mergulhou nos estudos pioneiros de Marcos ferreira de Andrade, professor e pesquisador da Universidade Federal de São João del-Rei, Joaci Pereira Furtado nos traz, neste breve ensaio, uma recuperação viva das tantas causas e dos porquês dos descontentamentos, estampados nos gemidos cotidianos que se sucediam como consequência dos castigos brutais que a revolução negra de Carrancas ousou confrontar.
OBS: livro publicado em edição bilíngue (português-inglês).
História