Ao publicar este Rimbaud intersemiótico – que Augusto de Campos transverberou em português rigoroso e libertário, recorrendo a congeniais fulgurações convergentes de som-imagem – a coleção Signos perfaz um círculo magnético. Entre o Mallarmé (Signos 2) e este Rimbaud (Signos 14), a poesia francesa faz circular – pulsão dupla – toda a sua modernidade; entre o Mestre dos Dados e o Alquimista do Verbo, essa poesia nutriz da contemporaneidade nos traça a curva plena do seu fascínio, da implosão (Mallarmé) à explosão (Rimbaud), para repetir aqui a fórmula conjuntivo-disjuntiva cunhada expressivamente por Augusto. Neste Rimbaud Livre, uma das etapas de sua já longa viagem translatícia via linguagem, o poeta Augusto de Campos, tradutor de tantos textos desafiadores (de Mallarmé e Valéry aos provençais, para ficarmos apenas nos domínios da langue d'oïl e da langue d'oc), faz também um excurso surpreendente no cristal líquido do computador-gráfico acompanhado nessa circunvolução por outro poeta "luminador/iluminista", o criativo Arnaldo Antunes.
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