Um quadro em branco. Uma obra tímida, que enriquece de sua forma, um dos corredores de um museu qualquer. da metrópole opaca conhecida como "Terra da Garoa". Uma arte de várias camadas, mas um tanto, peculiar. Sabetsu. Sua curiosa arte hipnotiza, convidando para uma avalanche de sensações. Aparentemente cunhada em crítica, faz com que duas pessoas debatam a sua existência em sua presença. Dois seres humanos de classes sociais distintas que colocam a prova suas visões de mundo em um interessante bate-boca.
O quadrinho possui um conteúdo +18, por conta da violência de suas palavras e em algumas cenas específicas, mas o que de fato mais pesa é a sua temática. Falaremos aqui sobre PRECONCEITO, passando por dezenas de camadas das quais a sociedade a nossa volta finge não existir, obrigando suas classes a ficarem cada vez mais opostas e engessadas a um sistema perfeitamente desajustado.
Nessas páginas, iremos acompanhar Dulce, uma socialite de pavio curto, amante de arte que está mergulhada no tal quadro em "branco" e Silva, um catador de recicláveis nada, mas nada humilde intelectualmente que acredita ter decifrado totalmente Sabetsu. O rico debate entre esses dois ilustram as páginas desse marcante quadrinho.
Uma hq que sabe para que veio. Uma paulada seca, sem massagem. Não há ficção quando o assunto é tão real. Convido você a essa leitura edificante que irá expandir horizontes e relatar uma boçalidade coletiva que se destoa em níveis, mas segue agindo com e contra todos nós, sem ao menos um cuspe.
Um verdadeiro relato desse país que sabemos, é amaldiçoado por ter sido criado em cima um cemitério indígena.