Dedicado a todos os poetas mortos; aos poetas menores; a todos aqueles que morreram sem publicar; aos que queimaram nas fogueiras por seus livros; aos leitores que morreram envenenados devido a sua paixão pela leitura; aos leitores que mudaram a história oficial da literatura; aos leitores que fizeram grandes a escritores considerados menores; aos tradutores mortos cujo nome desconhecemos e também aos conhecidos; aos que salvaram livros das fogueiras; aos ladrões de livros; aos que morreram poetas sem escrever uma única linha; aos monges copistas por fazer chegar até nós tantos livros; aos ghost writers; aos que perderam seus manuscritos em mudanças de casa ou de vida; aos índios que morreram tentando manter viva sua literatura oral e aos índios que continuam morrendo por ela; aos negros que mantiveram vivas suas divindades e lendas, conservando os cantos sagrados dos orixás; aos negros escravos que aprenderam a ler escondido; às mulheres que ousaram escrever quando mulheres não podiam escrever e abriram caminho para a produção de livros incríveis, escritos por mulheres; aos falantes de línguas mortas; aos últimos falantes de línguas em vias de extinção, cuja música jamais conheceremos; aos inventalínguas; aos que lutaram e lutam incansavelmente pela sobrevivência da literatura; aos que continuam acreditando na literatura; aos autores anônimos que criam e conservam as lendas urbanas; aos inventores dos contos de fadas; aos que continuam criando mitos; aos que mantém vivos os seus mitos; aos que contam causos; aos que contam histórias; a todos os escritores que ficaram à margem da história da literatura.
Poemas, poesias