Scarlet Carpor tem doze anos de idade e leva em si literalmente a chave para solução do grande problema central do vilão da estória. Você vai perceber que, muito mais forte que simples centro da história, o fato é tratado pelo autor como mote de sobrevivência de todo um universo.
A pré-adolescente sempre desconfiou da história que seus avós lhe contaram a respeito de sua orfandade, mas o relacionamento carinhoso que os três mantêm é forte o bastante para suprir sua curiosidade. E quando sabe da verdade, fica encantada. Em todos os sentidos. As circunstâncias pelas quais começa a ter contato com essa verdade são hilariantes e, ao mesmo tempo intrigantes: escola, professores, limpeza de mentes, surpresa com a avó de Scarlet.
O autor insere toques de humor nas falas de Scarlet com maestria. Por isso, a leitura flui agradavelmente, empurrando o leitor para página seguinte. Mesmo caçada pelos co-dimensionais do vilão, apresenta inteligência humorística capaz de se assemelhar aos melhores roteiros cinematográficos. Sempre de maneira velada, quase abstrata.
O leitor passa a conhecer criaturas pelas quais adquire enorme empatia. Talvez esteja aí o sentido mágico desta obra: revelar a magia como situação cotidiana. O lado mágico se mostra ora com criaturas já conhecidas nos livros de Grimm ora desconhecidas, mas reconhecidas como tal na leveza da leitura.
Leia este livro. Encante-se com a facilidade de se reconhecer nele como pessoa existente entre sua própria realidade e uma realidade fantasiosamente possível ou existencialmente improvável. Em qualquer das situações, você vai se sentir agraciado por ter rompido com a dureza de seu dia a dia.
Fantasia