Se eu não posso ser quem sou

Se eu não posso ser quem sou Leila de Souza Teixeira


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Se eu não posso ser quem sou





Se tivesse respondido a pesquisa promovida pelo sindicato em 2013, Geórgia estaria entre os 73% dos servidores do judiciário brasileiro insatisfeitos com o trabalho, movidos a permanecer no cargo apenas pela estabilidade e pela remuneração. Após conhecer Olivia (canadense que abdicou de um alto salário em uma empresa de telecomunicações de Montreal, para recolher plásticos em praias e oceanos), Geórgia percebe que não é somente a rotina presa ao tribunal que a incomoda. O barulho da cidade; a hostilidade da vida urbana; as luzes artificiais a ofuscarem estrelas; a poluição visual dos centros comerciais; relógios e calendários violentadores dos ciclos naturais do corpo humano; o sistema de ensino alienante; o culto ao excesso de trabalho; as exigências de produtividade, consumo, sucesso; todos os produtos e todas as ficções da Modernidade e do chamado Antropoceno, a Época dos Seres Humanos, sufocam Geórgia e a impedem de ser quem ela é.

Enquanto abandona Porto Alegre no sul do Brasil, e se desloca de carona a San Pedro, no deserto do Atacama, onde a aguarda um motorhome e o início de uma vida na estrada, a protagonista percorre seu passado e os caminhos que a levaram àquela nova forma de existência. Durante o trajeto – ao se reconectar aos sons da natureza, “tão harmônicos a ponto de serem confundidos com o silêncio”; ao breu noturno, apagador de contornos na Terra, propiciador do cosmo ao redor; às marés e a outros fluxos ininterruptos do universo – pergunta-se como aguentou anos encerrada em salas de aula, escritórios, repartições públicas, se seu eu verdadeiro é aquele, que deseja misturar-se à imensidão pulsante do planeta. Entre memórias e porvires, questiona tudo o que, de maneira perniciosa, aparta os seres humanos de suas origens enquanto espécie.

O título do livro é um verso de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa a quem coube a angústia moderna, conhecido por ser um futurista que paradoxalmente ironiza o progresso.

Se eu não posso ser quem sou não é romance sobre devaneios, mas um romance reflexivo sobre autoconhecimento, liberdade, questionamento e conhecimento do mundo. Aliás, de um questionar e conhecer que permite desnudar e encorajar o não cumprimento de expectativas outras, de rotinas mecanizadas e estabilizadoras da mesmice e do cansaço.”
Juliana Borges

Ficção / Literatura Brasileira / Romance

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Sobre empregarmos o tempo onde é importante para nós!
on 23/5/23


O livro de Leila de SouzaTeixeira, traz um tema muito atual. Aqui nos colocamos frente aos questionamentos de toda uma geração. A garantia de uma remuneração garantida X a satisfação de ocupar aquele local. Até que ponto vale a inércia de permanecer em uma função que não nos empolga, que não nos provoca a curiosidade dentro daquela área, que só nos proporciona dinheiro. "O 'ter é mais importante que ser' não constituia fenômeno do último século? Algo, portanto, recentissimo se compara... leia mais

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