Setenta

Narrar uma história do ponto de vista de um objeto inanimado é o recurso utilizado por Andrea Kerbaker para contar os relatos pessoais de seus objetos culturais favoritos. O autor italiano dá frescor e personalidade à sua trilogia, criando novelas de leitura, fluidez e originalidade raras. Os livros são um conjunto de obras sucintas, inteligentes e divertidas para todos os gostos, mas em especial para os apreciadores de música, literatura e cinema. Em toda a trilogia, o escritor faz narrativas singelas e comoventes nas quais aproveita para desfilar seu grande conhecimento e suas preferências particulares nas áreas da canção pop, dos livros e dos filmes. 'Setenta, Autobiografia de um Filme' integra a trilogia de Kerbaker, e narra a história um jovem DVD, sua mãe - uma fita de vídeo - e a avó. O DVD, cheio de atrações extras, é de um clássico não identificado do cinema mudo, mesmo filme que está registrado em sua mãe, a fita de vídeo que traz uma versão dos anos 1980 com trilha sonora criada por um músico pop. E a avó que será visitada é a película com o filme original. O mudinho, como foi apelidado por um colega de prateleira, o John Cleese de Um peixe chamado Wanda, é um dos favoritos de sua jovem dona desde que foi comprado há sete anos. Mas a moça agora vive na faculdade e a vida não é mais tão divertida para ele, tendo que dividir espaço com os filmes do irmão caçula de sua dona, títulos novos e sem personalidade como os três irmãos Rambo e a série Loucademia de Polícia. Ao visitar sua avó, conhecida como Setenta, num festival de cinema mudo, nosso herói tem a grande aventura da sua vida enquanto conta ao leitor, de forma emocionada, um pouco da história do cinema.