Gérmens, vertigem, escuridão — essas palavras de algum modo definem o que o leitor pode encontrar nos três primeiros livros de poemas de Milton Rosendo. Não que não haja de tudo um pouco em cada um deles, mas uma dessas coisas termina por prevalecer.
Em Spin, o amarelo toma o lugar do preto e do azul como um rottweiler, pois, podemos dizer isto, este é o livro mais acessível e solar da obra do poeta. Mudam-se então as cores, mas permanecem os gérmens, permanece a vertigem. Num movimento centrípeto e centrífugo, o eu lírico, aqui, absorve o mundo que nos cerca, lançando para dentro de si o que há de admirável e terrível, para depois expeli-lo na forma de uma beleza raramente encontrada e que nos dá o ontem, o hoje, o que ainda não é — pois seu movimento de absorção não tem limite de tempo e nem de espaço, engolindo tudo como um grande vilão intergaláctico.
A boa notícia é que o poeta não destrói mundos, mas os transfigura, germina-os.
Literatura Brasileira / Poemas, poesias