Sri Aurobindo ou a aventura da consciência

Estamos no mundo para agir, acreditava Sri Aurobindo. Ao distinguir ação de agitação e sabendo quais métodos empregar nesse sentido, tornou-se possível, para sua meditação, ir muito além, sem abandonar a postura de quietude e silêncio, e sem evadir-se do mundo terreno, pois a realização solitária que entrega o mundo a seu destino, não era de sua eleição, muito ao contrário, causava-lhe repulsa.
Em Sri Aurobindo ou a Aventura da Consciência, a pena sensível de Satprem narra a trajetória desse filósofo e yogue. Ao traçar um largo panorama das ideias, do ativismo silencioso e da influência do espírito em busca, passo a passo, da mais profunda compreensão do ser, na sua moderna manifestação que é a do homem imerso no obscuro e sufocante caos, o autor mostra como o pensador indiano cria, através da técnica dos espaços internos, as condições capazes de levá-lo a uma verdadeira transformação – à revelação de que a consciência é um poder.
Menos simples do que possa figurar-se será a tentativa de superar o ofuscamento espiritual acarretado pela ciência e pelas invenções tecnológicas. O afã de “ver” no seu imo, se bem sucedido, levará a verificar “que nosso esplêndido século XX se encontrava apenas na Idade da Pedra da psicologia, e que com toda a nossa tecnologia não havíamos alcançado a verdadeira técnica de viver, nem o domínio de nós mesmos ou do mundo, e que, diante de nós, abrem-se horizontes de perfeição, de harmonia e de beleza, diante dos quais nossas grandes descobertas são esboços rudes de um aprendiz”, pois “a Terra brota e brota ali embaixo, como se essa rocha da era terciária a exacerbasse e lhe desse mais determinação para romper o que estrangula e cega o seu grande dia, o seu belo sol”. Então, abrir-se-á para o ser a possibilidade de brotar dos escombros: “Um outro ser sobre a Terra”, descortina a meditação de Sri Aurobindo.