The New Yorker Cartoons: Cachorros

The New Yorker Cartoons: Cachorros Sérgio Augusto


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The New Yorker Cartoons: Cachorros


O melhor amigo do homem




Eles latem mas não mordem. Eles ladram e a caravana passa. Eles andam de limousine, freqüentam bar, restaurante, analista e tribunais, conversam entre si (e com outros animais, até com gatos), vestem-se a rigor para ir à rua, dirigem empresas, fazem jogging e esteira com seus donos, fumam, bebem, lêem livros, navegam na internet e circulam pela blogosfera. Como são versáteis os cachorros da New Yorker! Muito mais versáteis do que Lassie, Rin-Tin-Tin, Capeto, Benji e Marley.



Ok, Snoopy é assaz versátil, quase (com perdão da palavra) humano, mas até hoje só entre os cartuns da New Yorker encontrei um cachorro blogueiro. Ou melhor, ex-blogueiro, pois, desencantado com a Web.2, preferiu voltar a se comunicar com o resto do mundo só por latidos.



Por falar em Marley, quando seu inventor, John Grogan, nasceu, já fazia trinta e dois anos que um cão debutara nas páginas da New Yorker. Mais especificamente num cartum de Leo Kober, publicado na edição de 26 de setembro de 1925. Estréia nada auspiciosa. Não pelo cartum em si – Kober era um craque no métier –, mas pela cadela que o protagonizava: uma vira-lata acostumada a comer pedaços de orelha humana. Ainda está para nascer um cachorro gourmet (gourmands todos são, exceto os galgos), mas Kober exagerou.



Com o passar do tempo, o cachorro voltou a ser, na revista, o melhor amigo do homem, seu mais fi el companheiro. Com uma e outra, mas poucas, exceções. Em 1988, James Stevenson criou um cachorro vingativo que defenestra os chinelos de seu amo do alto de um arranha-céu. Três anos depois, Danny Shanahan juntou dois nerds caninos empenhados em zonear a área de trabalho do desktop da casa. Também em 2001 Pat Byrnes nos apresentou a um descendente direto da onívora cadela de Kober, que não hesitaria, numa emergência, comer o próprio dono.



A propósito, que gosto tem a carne humana? “De frango”, assegura um retriever de Leo Cullum a um dálmata que encontrou no Central Park. Os cães de Cullum, aliás, conversam “pra cachorro”. E sobre uma gama aparentemente infinita de assuntos: da inutilidade dos adestradores ao melhor projeto para uma casa (de cachorro, bem entendido), passando por esta sábia observação sobre as limitações do e-mail: “Este é o problema do correio eletrônico: não tem carteiro pra gente morder.” Saem muito para beber como gente grande, sem abrir mão de suas preferências: uísque, só com água de vaso sanitário.



James Thurber foi o maior fã de cachorros da revista. Não se cansava de desenhá-los e inventar-lhes histórias e traquinagens, quase sempre inspiradas em suas experiências com a espécie. Cães inesquecíveis também criou Steinberg, em tudo o oposto dos rebuscados e pulguentos vira-latas de George Booth e dos sinistros bulldogs de Gaham Wilson. Shanahan imortalizou duas cadelas frustradas pela falta de “bons partidos” na praça e pela má reputação da palavra “cadela”, sinônimo de prostituta em praticamente todos os idiomas conhecidos.



Por mais que às vezes pareçam interesseiros (ou que outra qualificação mereça ter o cão de Mike Twohy que imagina sua dona transformada numa lata de ração) e egocêntricos (a ponto de durante um assalto só se preocuparem com sua vasilha de comida), eles são, de modo geral, extremamente dedicados a quem lhes dá abrigo, afeto, comida e o melhor espaço na cama. Se preciso for, até pegam no colo o dono que adormeceu diante da televisão e o colocam no leito, como já fez um bem nutrido labrador de Bernard Schoenbaum.



Consideram-se radicalmente diferentes dos gatos, e orgulham-se disso. Rogam praga aos felinos, intrigam-nos com outros animais, fazem pouco de seu suposto desinteresse por uma série de admirações e fixações caninas (como correr atrás do carteiro ou apreciar a arquitetura de Frank Gehry) e não perdem uma oportunidade de recriminar sua pouca expansividade, como se os gatos fossem capazes de sacudir o rabo freneticamente toda vez que seu dono chega em casa.



Os cachorros da New Yorker não primam apenas pela versatilidade, são também neuróticos e, acima de tudo, adoráveis. Num concurso de fofura, os beagles de Charles Barsotti talvez arrebatassem o Osso de Ouro. Se bem que os labradores e retrievers de Cullum, com seu olhar de mormaço, não ficam muito atrás.



Site:

http://www.newyorkercartoons.com.br/cachorros.asp




Veja outros livros da coleção:



http://www.newyorkercartoons.com.br/gatos.asp




http://www.newyorkercartoons.com.br/terapia.asp





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Reflectivo e divertido !
on 21/7/20


Eu li com a minha irmã, e como foi em inglês(mas, não achei no Skoob), não entendemos muito. Ao meu ver, os cachorros estavam contando e tentando passar o significado de ser cachorro e de ser dono. De como eles se sentem e como gostariam de viver, na verdade, se pudessem haha. Recomendo, embora seja meio confuso, mas é gostoso observar as imagens e tirar por si mesmo suas próprias conclusões e percepções. É bem divertido !... leia mais

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O Leitor Voraz
cadastrou em:
05/05/2009 16:38:31

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