The Red Star

The Red Star Christian Gossett

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The Red Star


A Estrela Vermelha




A história começa com um monotrilho passando sobre um enorme cemitério cinzento repleto de lápides incrustadas cada uma com uma estrela vermelha. Uma moça de cabelos loiros começa a conversar com um velho soldado e narrar a trama que estrutura Red Star, a Estrela Vermelha, HQ de Chris Gossett.
The Red Star, a Estrela Vermelha é uma HQ lançada aqui no Brasil pela editora Mythos em dois volumes. Lá fora ela saiu pela Image Comics e foi fruto da parceria entre a editora e o Projeto Antares. A história se passa em um tempo indeterminado e narra os feitos de duas nações, Al’Istão e a U.R.E.V. (União das Repúblicas da Estrela Vermelha), quando da guerra entre elas.
Engraçado a história ser lançada em 2001 (pelo menos sua primeira parte), aliás, engraçado não, histórico e com conexão inegável com o contexto político-idelógico da época, pois era justamente nesse momento em que o Afeganistão (alegoricamente representado pelo Al’Istão na trama) entrava na mira dos Estados Unidos no contexto da “Cruzada contra o Terrorismo”. Na contraparte, enfrentando a nação de Al’Istão, há a U.R.E.V., que nitidamente assume as feições soviéticas, antigo inimigo dos Estados Unidos na temida Guerra Fria.
As duas nações se digladiam para firmar seus territórios e assegurar suas soberania nas fronteiras de suas nações. A trama consegue juntar elementos tecnológicos dignos de Ficção Científica, mas guarda um pouco daquele misticismo que caracteriza várias visões estereotipadas que existem sobre a misteriosa Rússia. Dessa inusitada junção surgem feiticeiras invokadoras que servem de munição para canhões gigantescos de Fornalhas Celestiais (titânicas naves da U.R.E.V.); portais e feitiços conjurados pelo campo de batalha.
A HQ chegou a ser indicada ao Prêmio Eisner, creio eu, por tocar em questões delicadas como essa, que ainda encontravam-se pujantemente recentes na época (como de certa forma ainda o estão hoje), embora use de sugestivas alegorias, mais nítidas que alegóricas, por assim dizer.
A micro-trama que engendra os feitos épicos das duas nações é a relação entre Maya e Marcus, ela uma feiticeira invokadora e ele um soldado de infantaria, ambos a serviço da U.R.E.V. Quando da batalha do Portal de Kar Dathra, a U.R.E.V. sofre uma vergonhosa derrota porque a pulverização dos soldados de Al’Istão invocou um comandante mítico deles, Kar Dathra, o Eterno, que conduz as tropas levantadas da areia a um verdadeiro massacre.
Maya, que estava em uma fornalha celeste acima do campo de batalha, ao ver o rumo que a batalha estava tomando, resolve descer e tentar salvar seu amado, porém, não consegue fazê-lo, sendo nocauteada e carregada para dentro de um portal por uma amiga para salvar sua vida.
Marcus, moribundo, encontra-se com um espírito encapuzado, nefasto, que carrega uma foice, chamado de Troika, que vem reclamar sua vida. Logo em seguida, o espírito de uma mulher, empunhando uma espada e coberta por um manto vermelho, entra na batalha pela vida de Marcus (ou estaria ele já ‘do outro lado’?) discutindo com Troika. Aqui a simbologia embotou minha capacidade de perceber que tipo de alegoria se trata.
O espírito da mulher se digladia com o fantasma negro e o que parece saltar aos olhos é que o segundo tem um discurso que vitupera o passado negro da U.R.E.V., dizendo que ela está condenada a morrer pela sua foice e que não há nada que possa ser feito, pois tudo está perdido. Se a União das Repúblicas da Estrela Vermelha serve de alegoria para a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, quem seria o fantasmagórico ser empunhando a foice? (reminiscências de um passado stalinista de expurgos e Gulags? A morte?) E quem seria o espírito feminino de longo manto vermelho? (os ideais revolucionários de outrora? O altruísmo que lutando pela alma dos seres humanos?)
Juntando preocupações próximas e presentes no imaginário pós-11 de setembro e dimensões do passado soviético que encampou longa e penosa batalha na Guerra Fria, Red Star consegue permanecer como uma HQ divertida (embora o traço inovador para 2001 pareça antiquado hoje e eu tenha lá minhas ressalvas acerca de alegorias) que trabalha com questões que ainda orbitam em torno das discussões atuais, mostrando como a representatividade quadrinesca guarda pontos interessantes para compreender a dinâmica das sociedades que a produziram, bem como que as questões que envolvem a União Soviética e o Terrorismo estão longe de serem um consenso.

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edusortudo
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13/09/2011 22:32:30

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