Este Tradição & ruptura retoma, para levar adiante, algumas questões formuladas ou pelo menos esboçadas em livros anteriores: a que pergunta pela função da literatura (Literatura, para quê?, 1996), a que descreve o mundo moderno como “mundo às avessas” (O desconcerto do mundo, 2001) e a que discute o isolamento do poeta, com sua concomitante obsessão pela novidade absoluta, marcos inconfundíveis da modernidade (Poesia & utopia, 2007). A presente coletânea dá sequência a um projeto crítico teórico empenhado em conceber a literatura, em especial a poesia, como reduto receptor-gerador de sentido, para uma realidade paradoxal e inapelavelmente sem sentido, como é esta na qual, há séculos, nos encontramos inseridos. A lógica do concreto, defendida por Lévi-Strauss, pode nem existir, pode ser apenas manifestação da necessidade de demonstrar que não estamos condenados a viver num mundo sem sentido – pássaros cegos a rodopiar e a se debater, aprisionados no fundo da caverna que nos detém, na tocante visão de Albert Camus.
Filosofia