Para compreender o "Tratado da oração e da meditação", de São Pedro de Alcântara, é necessário lembrar que ele foi escrito no século XVI, época da Reforma Protestante e do Concílio de Trento, que transformaram completamente a estrutura eclesiástica e a doutrina da salvação. Nessa época surgiram diversos tratados de oração, propondo uma renovação espiritual através da oração, como os Exercícios Espirituais, de Santo Inácio de Loyola (1526), e O castelo interior, de Santa Teresa d’Ávila (1577). São Pedro de Alcântara escreveu seu tratado em 1556. Nele percebe-se o conhecimento dos diversos graus da oração: a oração de fé, a conversação interior sem qualquer ruído de palavras, o sentimento da presença e do contato com Deus, sem qualquer imagem, sem nada sensível, como por meio de um sentido especial e, finalmente, os diferentes graus de oração mística. As orações contidas neste tratado permitem ao fiel comunicar-se com Deus pelo Espírito e unir-se a Ele no êxtase, no arrebatamento, em que a "alma é arrancada da terra". Na verdade, a grande originalidade deste tratado é sua clareza e objetividade, que o tornam, assim, acessível a todas as pessoas, não importando sua formação cultural. Daí ter se tornado o breviário de oração de muitas gerações e conferido ao seu autor o título de "um dos maiores mestres na ciência da oração".
Religião e Espiritualidade