Há um poema em cada lembrança. Há um poema em página nenhuma. E todo o livro é um jogo da memória contra o esquecimento, uma labuta dos deuses contra as teias do tempo, um grito no escuro aos ouvidos do tempo. Tempo... tempo, tempo! Ricardo Thadeu é mesmo um poeta de todos os tempos. Posso ouvir Drummond, posso ouvir Pessoa, posso ouvir Bandeira. Ouço uma multidão dentro dos seus versos, mas não escuto ninguém. Apenas o tiritar dos ponteiros. Somente o balanço das horas. Somente as horas e uma vida inteira na balança: "um burro vai devagar,/um bandido vai devagar/e os espertos saem correndo/devagar... as janelas se fecham/êta vida besta, meu Deus!". Edson Oliveira