Um mundo dividido

“Um mundo dividido” corresponde à tese de doutorado de Roberto DaMatta, que visitou os aldeamentos Apinayé diversas vezes durante a década de 1960. Resumir uma tese é difícil, de modo que vou destacar alguns pontos para melhor situar os Apinayé, pertencentes aos Timbiras Ocidentais e singularizados por uma estrutura social sofisticada camposta por sistemas de metades cerimoniais. Os Apinayé residem desde sempre na região situada na confluência dos rios Araguaia e Tocantis, o que fez com que fossem bastante afetados pelo desenvolvimentismo do assim chamado “Brasil Grande”, da década de 1970, quando seu território foi atravessado por duas mega estradas: a Belém-Brasília e a Transamazônica, sofrendo posteriormente o impacto nefasto causado por duas vias secundárias, a TO 126 e a TO 134. / Os Apinayé se enquadram no conceito de caçadores-coletores, plantando tubérculos como a mandioca e o inhame, arroz, feijão, banana, mamão batata-doce e abóbora. Dedicam-se ainda à extração do babaçu, por eles considerada um “mal necessário” pelo fato de ser uma atividade remunerada que constitui o principal ponto de interação com a sociedade brasileira. Como a maioria dos grupos indígenas, os Apinayé também sofreram baixas consideráveis ao longo dos anos. Quando Cunha Matos os visitou em 1824, estimou a população em 4.200 indivíduos, enquanto a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) estimou existirem apenas 1.847 indivíduos remanescentes.

Literatura Brasileira / Não-ficção