Um muro na Palestina

Um muro na Palestina René Backmann


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Um muro na Palestina





Na primavera de 2002, o governo de Israel iniciou, na Cisjordânia ocupada, a construção de um longo muro de mais de 650 quilômetros: uma gigantesca obra a ser concluída em 2007. Na maior parte do percurso, trata-se, na verdade, de uma barreira. Não muito alta, uma tela de arame de 3 metros, mas muito larga, de 45 a 100 metros ― espaço ocupado, dos dois lados, por arame farpado e um fosso para impedir a passagem de veículos. Tudo sob a vigilância constante de câmeras e outros sistemas eletrônicos de detecção.

Para os israelenses, a obra é uma “barreira de segurança”, que se destina a impedir a entrada de terroristas palestinos. Para os palestinos, trata-se de um “muro de separação”, que divide casas, plantações e famílias, ou ainda um “muro de anexação”: uma nova fronteira imposta pela força a fim de incorporar territórios palestinos, de modo que colônias localizadas ali se tornem aldeias de Israel, em uma irrecuperável expansão do território israelense, sem qualquer legitimidade internacional.

Para tratar de tema tão controverso e fundamental para o entendimento desta região complicada, o premiado jornalista francês René Backmann, que dedicou 25 anos à cobertura de assuntos relacionados ao Oriente Médio, realizou um amplo trabalho de pesquisa histórica, documental, cartográfica e jornalística sobre a estrutura e o funcionamento complexos das sociedades palestina e israelense. Entrevistou dirigentes políticos e militares envolvidos na concepção, construção e administração cotidiana do muro-barreira, assim como políticos locais, moradores e universitários israelenses e palestinos. A partir daí, ele analisa a longa história de tensões entre Israel e Palestina que levaram à construção do muro e revela seu impacto na vida dos cidadãos comuns ― como a mulher que gasta horas para chegar à escola que fundou, atravessando barreiras e pontos de controle, num trajeto que levava 15 minutos; negócios à beira da falência cujos endereços antes concorridos agora são cortados pelo muro; e casais impedidos de viver juntos a menos que abandonem seus negócios ou lares.

O autor explica os motivos que o levaram a dedicar-se sobre o tema em um livro: “Como tantos de meus amigos israelenses e palestinos, eu acreditei na paz quando da assinatura dos acordos de Oslo e pude testemunhar, juntamente com eles, o naufrágio do processo de paz. Porque não consigo acreditar que aquilo que o mundo inteiro ainda ontem viu com alegria desmoronar em Berlim possa ser uma solução, amanhã, em Jerusalém”.

O resultado é uma obra muito bem fundamentada e de escrita clara e envolvente, que oferece um relevante olhar humano sobre o conflito árabe-israelense e gera sérias reflexões sobre uma questão central: o muro na Palestina é uma barreira contra o terrorismo ou uma barreira contra a paz?

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