Vizinha do Funchal, entre Garajau e a Ponta da Oliveira, fica a viçosa freguesia do Caniço, agora, a servir de palco ao desenrolar desta narrativa, que gira em torno da fictícia família Oliveira, com três gerações em cena. Além de consubstanciar uma crônica familiar, a força do romance de João França (1908-1996) reside, em particular, na valorização da componente histórica e também sociológica da Madeira do século XX, sob o signo do Estado Novo, no período compreendido entre o verão de 1936 ( com a revolta do leite em pano de fundo) e o "verão quente" de 1975, equacionando os conceitos subjetivos da tradição, rutura e emancipação. Com seu fino humor, repassado de ironia, o autor desperta a atenção do leitor para os momentos marcantes da vida das suas personagens, reveladas por pensamentos, atitudes e falas, e sempre com um profundo conhecimento da realidade local.
Romance