O pensamento político moderno assenta num conjunto de conceitos, de modelos, de cenários institucionais (soberania popular, contrato, igualdade, legalidade, paz perpétua, etc.), que deveria assegurar a progressiva racionalização das relações políticas entre os homens. As contradições, impasses, ilusões, os efeitos perversos desta razão política que marcaram o século XX, levam-nos hoje a duvidar da política. Dado isto, não seria proveitoso voltarmo-nos para os Antigos, não para os imitar nostalgicamente, mas para reaprender com eles o modo como a inteligência da política exige que entrelacemos vontade e tradição, razão e mito, cidade e religião, o que, no tocante aos assuntos da cidade, nos pouparia a correr atrás de utopias mortíferas ou a ceder a um relativismo cínico?
Filosofia